Retrato em Branco e Preto (Zingaro), com João Gilberto - O ARRANJO #35 (English subtitles)
Se João Gilberto tivesse gravado apenas os seus 3 primeiros discos
ele já teria lugar na história da música popular mundial como um dos maiores artistas de todos os tempos
Nesses 3 discos a revolução chamada bossa nova foi deflagrada:
uma nova forma de tocar violão e cantar, tendo o samba como base, e que influenciou toda a música ocidental do mundo nos anos 1960
Antônio Carlos Jobim, produtor dos 3 discos, é também autor dessa revolução
Além de ser o arranjador desses discos, que definiram a sonoridade da bossa nova,
Tom assina mais de um terço das músicas gravadas nessa triologia
Mas João Gilberto não parou: quando a bossa nova perdeu espaço no Brasil ele saiu pro mundo,
gravou muitos discos, fez muitos shows, e nessas andanças incorporou ao seu repertório canções internacionais
João nunca fez concessões, ou seguiu modas, ou correu atrás de fórmulas de sucesso:
ele sempre fez a música que quis, do jeito que queria e lapidava minuciosamente cada sílaba cantada, cada acorde tocado
Esse esmero, esse trabalho de ourives que ele fazia transformava cada canção que ele tocava no que chamamos de bossa nova
Mas isso só porque se convencionou a chamar de bossa nova a forma com que João cantava e tocava violão, ele mesmo nunca deu a mínima atenção a esse rótulo
Podia ser um standard de jazz dos anos 20 com centenas de gravações, como 'S Wonderful,
ou um bolero já saturado de sucesso como Besame Mucho, ou um samba sincopado gravado e esquecido nos anos 50 como Tim Tim por Tim Tim
ou mesmo uma música recente do Tom Jobim: tudo soava João Gilberto
Eu sou Flávio Mendes, músico e arranjador, esse é O ARRANJO, seja bem vindo
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Retrato em Branco e Preto é uma parceria de Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda mas no disco Amoroso, de João Gilberto, aparece como Zíngaro
Zíngaro era o nome da música antes de receber a letra de Chico Buarque, e foi gravada de forma instrumental por Tom no disco A Certain Mr. Jobim
Tom estava nos Estados Unidos quando compôs o tema, ele imaginou uma figura nostálgica de um violinista cigano, zíngaro é sinônimo de cigano
No fundo ele, Tom, era o próprio Zíngaro, com saudades do Brasil e radicado naquele, pra ele, ainda estranho mundo
Tom e Vinícius continuavam muito amigos, mas não compunham mais juntos, e apesar de algum ciúme do poetinha,
foi ele quem sugeriu pro Tom o nome do Chico Buarque pra colocar letra nessa música
Chico conta que o Vinícius deu essa força pra nova parceria só pra depois ter direito a ficar com mais ciúme ainda
Em 67 Tom, aos 40 anos, já era o maior nome da música brasileira, tinha acabado de gravar um disco com Frank Sinatra, o cantor mais importante do mundo na época
E Chico Buarque era um jovem de 23 anos, recém alçado ao sucesso instantâneo com a sua participação no Festival da TV Record de 1966, cantando A Banda
Apesar da timidez do Chico e também pela postura autodesmistificadora que o Tom tinha, o encontro entre os dois fluiu
Chico, apesar de jovem, não se intimidava com Tom, que era um grande letrista e costumava implicar com o parceiro
Já na primeira parceria dos dois, Retrato em Branco e Preto, Tom implicou com a expressão, porque não se fala branco e preto, e sim retrato em preto e branco
Chico retrucou: mas aí, pra rimar, eu vou ter que trocar soneto por tamanco:
"vou colecionar mais um tamanco, outro retrato em preto e branco: 1 a 0 Chico
Mas não ficou nisso: Chico não gostava do seu próprio verso "Trago o peito tão marcado",
ele dizia que tinha usado o "tão" como uma muleta, só pra completar as sílabas da frase
Quando o Quarteto em Cy foi gravar, Chico resolveu trocar pra "peito carregado" e a princípio o Tom aceitou,
mas depois ligou em seguida dizendo que "peito carregado" se usa pra quando se está com tosse; Chico concordou, 1 a 1
Chico diz que tem algumas melodias inéditas do Tom em casa, mas que ele nunca vai colocar letra nessas músicas,
porque simplesmente não vê sentido em compor sem ter o parceiro do lado, nem que seja implicando
Retrato em Branco e Preto ganharia a sua versão definitiva dez anos depois de composta, em 1977,
gravada por João Gilberto no álbum Amoroso, com arranjos de Claus Ogerman, e é essa a versão que eu vou analisar
UM POUCO DE HISTÓRIA
Pra conquistar o mundo, a bossa nova precisou conquistar os Estados Unidos, primeiro
Em 1961 o Departamento de Estado norte-americano realizou um festival de jazz no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
com grandes músicos como o saxofonista Coleman Hawkins
A ideia era difundir o jazz no Brasil, mas os instrumentistas norte-americanos se encantaram com a música brasileira que eles descobriram aqui,
em discos e em apresentações ao vivo no famoso Beco das Garrafas, em Copacabana, onde nasceu o samba jazz
Acabaram voltando pra casa levando as sementes da moderna música brasileira, e já em 1961 um dos maiores nomes do jazz,
Dizzy Gillespie, começava a tocar nos seus shows a música Desafinado, de Jobim e Newton Mendonça
Essa mesma música foi gravada no ano seguinte pelo guitarrista Charlie Byrd e pelo saxofonista Stan Getz, e essa gravação vendeu mais de um milhão de cópias
Foi com muita expectativa que muitos grandes músicos norte-americanos foram ao Carneggie Hall em novembro de 1962
para ouvir e ver de perto nomes como Sergio Mendes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, João Gilberto e Tom Jobim
Os grandes nomes da bossa nova nem voltaram pro Brasil depois do show, era a hora de ficar lá fora e mostrar, ao vivo, como se toca bossa nova
João Gilberto já estava casado, com um filho pequeno, mas vivia em dificuldades financeiras, e foi o seu padrinho de casamento,
Jorge Amado, quem deu a dica pra ele e falou: João, você já fez tudo no Brasil, tá na hora de ir embora
João impressionou a todos os grandes músicos da época
Pela sua originalidade, pelo seu rigor técnico e estético, pela sua postura sempre íntegra, por sua arte
Stan Getz saiu na frente dos outros e virou o saxofonista oficial da bossa nova, mas não era o homem certo, ele só teve o timing certo
Segundo o escritor e pesquisador Zuza Homem de Mello,
Stan Getz nunca foi capaz de compreender o espírito da bossa nova no que diz respeito à delicadeza do som
Na gravação do histórico disco Getz/Gilberto a relação entre os dois astros não foi muito, digamos, harmoniosa,
e muitas arestas tiveram de ser aparadas, ou por Tom Jobim, que tocou o piano no disco,
ou pelo produtor Creed Taylor, dono da gravadora Verve, que lançou o disco
A mulher do João na época, Astrud, nunca tinha sido cantora profissional, nunca tinha feito nenhuma gravação
ou mesmo um show solo, mas se ofereceu pra gravar a versão em inglês de Garota de Ipanema no disco
Ruy Castro diz no livro Chega de Saudade, que talvez nem o marido soubesse dessa ideia
João Gilberto tentou desconversar, mas Creed Taylor, como produtor,
achou boa a ideia de ter no disco pelo menos uma música cantada em inglês, e não na exótica língua portuguesa
The Girl from Ipanema vendeu mais de um milhão de cópias, e puxou as vendas do LP, que ganhou vários Grammys
Muita gente ganhou dinheiro com esse estouro de vendas, outros nem tanto
Astrud ganhou, pelo trabalho, uma diária de gravação na tabela do sindicato dos músicos: 120 dólares
João, o co-astro do LP, ganhou 23 mil dólares no primeiro semestre de vendas,
e Stan Getz com o dinheiro do disco, comprou uma mansão de 23 quartos no estado de Nova York
Mas ainda antes do disco sair, em 1963, Astrud seguiu com João para uma temporada na Itália,
mas foi só como esposa, não cantou, e na verdade o casamento já estava no fim
O show juntava João Gilberto e João Donato, que eram amigos desde o início dos anos 50
Essa temporada durou 3 meses e era no sul da Itália, num complexo de casas de show chamado La Bussola
Os brasileiros tocavam numa sala pequena, chamada Bussoloto e na sala grande se apresentava a orquestra de Bruno Martino
Martino era pianista e às vezes cantor, e também apresentava algumas composições próprias, dentre elas uma espécie de bolero chamada Estate
A temporada teve que ser interrompida porque João teve um distensão muscular no braço direito, fruto de horas ininterruptas tocando violão
Astrud e João se separaram, ela voltou pra Nova York, onde mora até hoje
E João foi tentar curar o braço em Paris, e lá conheceu uma estudante brasileira chamada Heloísa Buarque de Hollanda,
irmã do Chico, que tinha na família o apelido de Miúcha
"Heloísa, você acompanha o João quando ele se apresenta fora de Nova York?"
"Acompanha na bateria"
Esse é o meu plano, mas não é pra dizer! Eu viajo sempre com o João"
"E você gostaria de um dia cantar também? Sua família é musical"
"Bom, isso eu vou deixar pra um dia pensar"
A música que se fazia no Brasil a partir de 1964 era filha direta da bossa nova, mas às vezes negava os pais
Foram os anos em que o Brasil viu nascer, especialmente em festivais da TV, uma geração fantástica de artistas
"Foi ouvindo Tom, João Gilberto, Chega de Saudade, Vinícius, foi ali que deu o estalo,
eu e todo mundo que você perguntar da minha geração, a gente começou a se interessar de verdade
Claro que eu gostava de música, mas a partir dali é que eu comecei a querer fazer música mesmo"
Mas os tempos no Brasil pós golpe militar de 1964 não combinavam com o clima bossa nova:
era preciso responder e resistir ao regime ditatorial e surgiram as canções de protesto
Não por acaso Tom Jobim e João Gilberto lançam os seus discos dessa época fora do Brasil
E eles foram, de uma certa forma, mal vistos por estarem trabalhando nos Estados Unidos, como se estivessem se vendendo ao capitalismo
João não falava, não dava entrevista, mas o Tom se ressentia
"A critica não podia falar mal dos generais nem da polícia, a crítica tem mesmo é que falar mal dos artistas"
O último disco internacional do João é Amoroso, de 1977, pela gravadora Warner e na ficha técnica do disco só o João é brasileiro
A produção é dividida por dois nomes acostumados a lidar com grandes estrelas: Helen Keane, que era a empresária do pianista Bill Evans,
e Tommy LiPuma, que tinha acabado de ganhar o seu primeiro Grammy como produtor de This Mascarade, com George Benson
Os arranjos foram do alemão Claus Ogerman, que já estava PhD em bossa nova, com tantos arranjos que já tinha feito em discos do Tom Jobim
São apenas 8 faixas, 4 de cada lado, e a divisão das faixas do disco é interessante:
no lado A estão as músicas internacionais e mais Tim Tim por Tim Tim, e no lado B, só músicas do Tom
A primeira faixa é 'S Wonderful, uma composição dos irmãos George e Ira Gershwin, escrita para o musical da Broadway Funny Face, de 1927,
e que fez muito sucesso também em 1951 no filme Um americano em Pais, com Gene Kelly
É possível que o nome do disco venha de um trecho dessa letra, quando João Gilberto canta, com o sotaque dele:
Um dos pontos altos do disco é Estate, a canção que João Gilberto aprendeu na temporada que fez em 63 na Itália
Era uma canção desconhecida, de um músico com projeção apenas local, e que João Gilberto reinventou e virou um clássico
É impressionante como o João encontra um andamento perfeito pra música, tira aquele abolerado
e parece que ele consegue enxergar em uma música o que outros cantores ou mesmo arranjadores não conseguem
E o mesmo acontece em Besame Mucho, uma composição escrita por Consuelo Velásquez quando ela tinha 16 anos e deu o seu primeiro beijo
A música já tinha 40 anos de regravações, desde Nat King Cole até a icônica versão de Ray Conniff e sua Orquestra
Teve até uma gravação feita pelos Beatles,
eles cantaram de brincadeira, claramente por que era um clássico do kitsch mundial, uma música cafona
E João não leva isso em consideração, ou leva, não sei, mas a gravação dele, com o emoção contida, nunca exagerada, dá sobriedade pra canção
João Gilberto veio da Bahia pro Rio em 1950 para cantar em um grupo vocal, Os Garotos da Lua
Boa parte do seu repertório ele tirou de gravações de grupos vocais nos anos 40 e 50, músicas que estavam esquecidas,
alguns sambas sincopados como Pra que Discutir com Madame, Adeus América e Eu Quero um Samba
É o caso de Tim Tim por Tim Tim, gravada originalmente pelo conjuto vocal Os Cariocas em 1951 e da qual ninguém mais se lembrava
No lado B, o das músicas do Tom, duas delas eram razoavelmente recentes, tinham dez anos em 77: Wave e Triste
Outra música, Caminhos Cruzados, era das músicas mais antigas do Tom, da sua primeira fase, de sambas canções,
pré bossa nova, e foi composta com o seu amigo de infância e grande compositor, Newton Mendonça
Essa música é um exemplo claro de que às vezes o João merecia ganhar parceria, tal o grau de reinvenção dele em algumas músicas
Caminhos Cruzados tinha sido gravada por Silvia Telles em 1958 como um samba canção, sem síncope,
sem balanço de samba, conforme o manuscrito original da música
O que o João fez foi desdobrar o ritmo, como se fala, o que ocupava um compasso agora ocupa dois, e assim abre espaço pra síncope, pro samba
Isso foram dois compassos, agora vou desdobrar, fazer o mesmo trecho em 4 compassos
Essa música, que estava completamente esquecida, virou um clássico, e todas as gravações posteriores são com essa desdobrada,
inclusive no livro Cancioneiro Jobim, o livro oficial de partituras do Tom,
a música está escrita como o João a reinventou, e não como foi composta
Com o dinheiro de Garota de Ipanema Tom finalmente comprou a sua primeira casa, na Rua Codajás, no Leblon,
e o seu primeiro piano de cauda, um Yamaha que ele trouxe de navio dos Estados Unidos
Foi nesse piano que o Tom sentou com Chico Buarque pra eles firmarem a primeira parceria,
ele queria compor como ele fazia com o Vinícius nos velhos tempos, os dois em volta do piano, o Tom vendo a letra surgir e dando pitacos
Chico foi até a casa do Tom, sentou ao lado do piano e ouviu inúmeras vezes a melodia de Zíngaro,
mas não escreveu nenhuma palavra: ao contrário do poeta Vinícius, Chico só escreve sozinho, em casa
Dias depois, estava pronta uma das músicas mais bonitas da história da música brasileira,
uma música em que tudo é perfeito, melodia, harmonia e letra: Retrato em Branco e Preto
1. MELODIA Tom construiu uma melodia cíclica, um motivo musical de 4 notas:
a primeira nota, desce meio tom, sobe um tom, desce um tom e meio e sobe um tom pra voltar pra nota inicial
e recomeçar outro ciclo das 4 notas,
e a primeira parte é toda assim
Sobe um tom e meio pra fazer outro ciclo com intervalos um pouco diferentes, mas com a mesma ideia, desce, sobe, desce, sobe
Agora uma escala ascendente sempre voltando pra primeira nota
Outro ciclo de quatro notas,
e pra voltar
Aí parece que vai se repetir o ciclo inicial mas o Tom faz uma variação
E volta o ciclo de quatro notas
Na última parte a melodia vai sempre subindo, mas com um intervalo de meio tom pra baixo em cada nota
Outro ciclo de 4 notas, aí desce,
e de novo mais um ciclo de 4 notas pra terminar
É um primor de melodia, um desenvolvimento muito rico, partindo de só quatro notas
2. ORQUESTRAÇÃO Claus Ogerman entendeu como poucos o espírito da música do Tom, e por extensão, da bossa nova
Ele, até por falta de vivência, nunca pensou em samba quando escreveu os arranjos, as frases:
na minha opinião ele pensa em música clássica, que, aliás, também inspirou muito o Tom
Especialmente no primeiro disco em que trabalhou com o Tom, The composer of Desafinado plays,
as orquestrações são bem simples, mais próximas da sonoridade dos 3 primeiros discos do João Gilberto
Mas com o tempo Claus foi conseguindo atingir uma grande densidade no arranjos mas sem se sobrepor à sutileza da bossa nova
É exatamente o que acontece nos arranjos do álbum Amoroso:
as cordas são grandiosas, mas em momento nenhum parecem competir com a suavidade do canto e do violão do João
Nesse disco Claus usa muito o piano elétrico, em vez do piano acústico, e muitas vezes em uníssono com as flautas,
criando um timbre bem interessante e que acabou ficando como uma marca dele como arranjador
3. A FORMA DO ARRANJO A forma de Retrato em Branco e Preto é A B A2, que é uma variação do A, e C, e isso tudo duas vezes, porque são duas letras diferentes
Nessa gravação João quebra o que é chamado de quadratura, onde deveriam ser 8 compassos, que soa mais redondo,
João às vezes atrasa e às vezes adianta a melodia, e tem trechos de 7 compassos, outros de 9
A forma da gravaçao é a seguinte: introdução, e João canta a música inteira, as duas letras
Depois tem uma vez A B A2 C instrumental e de novo o João canta a música inteira e dessa vez repete o último C, e depois a coda
Algumas vezes já se falou que o trabalho do Claus Ogerman, especialmente no trabalho com o Tom,
é mais de orquestrador do que de arranjador, porque as músicas do Tom já estariam arranjadas por ele mesmo
Eu discordo, talvez no primeiro disco em que eles trabalharam juntos isso pode ter acontecido em alguma escala, talvez até por uma certa cerimônia ainda entre eles
As introduções e codas instrumentais que o Claus Ogerman criou nesse disco Amoroso são primorosas,
e mostram um arranjador com total domínio da técnica de orquestração, e também com grande repertório harmônico
A introdução dessa faixa começa com as 4 notas da célula inicial da melodia, só que meio tom abaixo do tom que o João vai cantar
O caminho harmônico que o arranjo faz até chegar no tom do canto é maravilhoso
Agora vai pro Tom do João
A introdução começa com uma frase de cordas na região grave do violino mas rapidamente sobe duas oitavas
e vai pra região bem aguda, com cama harmônica de flautas e piano elétrico
Uma resposta bem jobiniana nos cellos, com muitos intervalos de meio tom
Cama harmônica de cordas na região grave
O contrabaixo não toca a levada de samba, ele basicamente toca nos tempos fortes
Os cellos seguem a subida cromática dos baixos dos acordes
Notem que a cama harmônica das cordas muda de região quase a cada acorde
Agora um clássico de arranjos de bossa nova, desde o primeiro disco do João Gilberto:
frase dos violinos no agudo, sem cama harmônica das outras cordas, só o contracanto de violino
Contracanto de violinos bem no agudo, agora com cama harmônica das outras cordas
Os cellos fazem a subida cromática dos baixos e os violinos ficam em uma nota parada bem no agudo,
a quase 4 oitavas de distância dos cellos
A cama harmônica de cordas com duas vozes de flautas no último acorde
A parte instrumental começa com uníssono das flautas em sol com o piano elétrico
O timbre que resulta tem mais ataque do que se fossem só as flautas
Resposta dos cellos também com piano elétrico
A melodia agora está nos violinos no agudo, também com o piano elétrico dobrando
Os violinos estão fazendo a melodia numa região muito aguda, esse timbre só é possível com um naipe grande de violinos
Contracanto dos violinos também com piano elétrico
Voltam os cellos tocando os baixos dos acordes subindo cromaticamente
De novo a linha de contracanto dos violinos sem cama harmônica, reparem que o sentido da frase é sempre ascendente
Agora a frase está bem no agudo, e esse timbre, como eu disse, só se consegue com um naipe grande de violinos
O violinos chegam na nota sol 5 e vão ficar lá por muito tempo, por muitos acordes
Agora um contracanto com saltos, uníssono de violinos com piano elétrico,
sempre descendo uma sétima e subindo uma sexta
Na coda, acordes dobrados por cordas e piano elétrico, com uma nota no agudo dos violinos
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"E ao Brasil, quando é que vocês pretendem ir?"
"No fim do ano"
"Passar o natal?"
"Passar tudo, uma porção de dias"
"João, foi um prazer muito grande..."
"Já acabou?"
"Queria falar um pouquinho mais? Pois é, teremos que voltar aqui numa próxima oportunidade, muitíssimo obrigada, João"