Como Estado Islâmico surgiu do caos para aterrorizar o mundo | 21 notícias que marcaram o século 21
A morte de Osama bin Laden, numa impressionante operação militar americana em solo paquistanês,
em maio de 2011, espalhou uma sensação de alívio nos países que vinham sendo
alvo dos ataques organizados pelo grupo Al-Qaeda.
Afinal, Osama Bin Laden havia sido o responsável pelo 11 de Setembro
e muitos outros atentados nos quatro cantos do mundo.
Poucos imaginavam, no entanto, que não muito longe dali, no ainda instável e violento Iraque,
pudesse estar nascendo uma ameaça potencialmente ainda mais grave.
Em 2013, surgiu o autoproclamado Estado Islâmico no Iraque e no Levante.
O grupo viria a dominar e aterrorizar partes do Iraque e da Síria
e levar a morte para varias partes do mundo.
Meu nome é Camilla Veras Mota,
e este é mais um capitulo da serie da BBC News Brasil, 21 noticias do século 21.
O grupo que ficou conhecido como Estado Islamico não apareceu de repente. E para falar dele,
é preciso lembrar da AlQaeda de Osama Bin Laden
Desde o 11 de Setembro, os Estados Unidos
vinham tentando destruir a rede responsável pela morte de quase 3.000 pessoas em solo americano.
Na chamada guerra ao terror, invadiram dois países, o Afeganistão e depois o Iraque.
Mas mesmo com o fim do momento mais agudo dos conflitos,
a AlQaeda continuava sendo uma ameaça.
Liderado pelo jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, o grupo foi responsável pela maior parte das
atrocidades cometidas por insurgentes sunitas no Iraque após Saddam Hussein.
Foram inúmeros atentados a bomba contra a população xiita e sequestros
e decapitação de estrangeiros. Zarqawi foi morto por forças americanas em 2006.
A Al-Qaeda no Iraque, porem, ganhou novo impulso com um novo líder. O iraquiano
Abu Bakr al-Baghdadi, um religioso enigmático conhecido por muitos como “o xeque invisível”.
Os Estados Unidos, porém, já conheciam Baghdadi. Ele havia sido detido pelas forças americanas em
Falluja, no Iraque, em 2004. Foi mantido por dez meses na prisão de Camp Bucca,
onde estabeleceu relações com futuros líderes de seu movimento jihadista.
Foi solto por ser considerado de baixa periculosidade, ele acabou assumindo a
chefia de um conselho da Al-Qaeda, que aplicava no Iraque uma versão rígida da xaria, que é a
lei islâmica. Foi dali que surgiram as sementes que viriam ser conhecido como o Estado Islâmico.
Em 2013, ele deu um passo ambicioso.
Vendo que a Síria mergulhada numa devastadora guerra civil,
ele decidiu que o assim chamado Estado Islâmico seria regional.
Não mais apenas do Iraque, mas também da Síria – ou no Levante, como aquela área é chamada.
Assim foi criado o autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante. A denominação
do grupo sempre foi um pouco confusa. Ele era identificado pelas siglas Isil ou Isis,
e no mundo árabe, também chamado de Daesh. Essa maior ambição além das fronteiras do
Iraque alimentou uma existente tensão entre os extremistas que atuavam no Iraque e a
mais tradicional digamos AlQaeda. Pode parecer surpreendente que uma rede que ganhou projeção
no mundo com os brutais atraques do 11 de Setembro ter surgido aqui como uma
voz mais moderada. O fato que a liderança da AlQaeda não concordava com a ideia da
regionalização do chamado Estado Islâmico, e também reprovava parte dos métodos violentos
do grupo, em particular matança de muçulmanos. Nessa sangrenta expansão, se apresentava de fato
como um “Estado”, reivindicando territórios dos dois países estabelecidos. A estratégia
era conquistar e administrar grandes cidades e regiões, impor suas leis fundamentalistas sobre a
população, extrair benefícios financeiros de suas riquezas e economia. Atuando nos dois lados da
fronteira entre Síria e Iraque, o Estado Islâmico contou com dois aliados.
O caos da Síria em guerra civil, e também
o forte ressentimento dos sunitas iraquianos em relação ao governo xiita em Bagdá.
Vamos lembrar que Saddam Hussein era sunita e formava um governo que comandava com mãos
de ferro a maioria xiita do país.
A invasão americana do Iraque virou a mesa e permitiu
que a maioria xiita que antes era dominada tomasse o poder,
deixando parte desse antigo grupo que formava a elite em busca muitas vezes de vingança.
Ainda em 2013, o Isis avançou em território sírio, principalmente com combatentes estrangeiros,
recrutados até mesmo da Europa.
Em pouco tempo entrou em choque com outras organizações rebeldes
na Síria que também lutavam contra o governo. As divergências começaram em Raqqa, a primeira
cidade a ser tomada pelo Estado Islâmico na Síria. Enquanto outros se concentravam em combater,
o chamado Estado Islâmico decidiu a se dedicar à administração da cidade. Isso claro incluía
a imposição de uma versão extrema da sharia, que levava pavor aos moradores.
Adotavam torturas e execuções publicas numa primeira experiência do que seria aplicado
em outras localidades tomadas pelo grupo. Em dezembro de 2013, a Anistia Internacional
denunciava que “a tortura, açoitamento e execuções sumárias proliferam em prisões
secretas” do Isis nas cidades de Raqqa e Aleppo.
Segundo a entidade, muitos dos torturados nas prisões
haviam sido detidos sob acusação de roubo ou atos considerados pelo grupo crimes contra o
Islã, como fumar cigarros ou fazer sexo fora do casamento.
Outros eram acusados de desrespeitar as autoridade do grupo
ou pertencer a organizações rebeldes rivais. De acordo com as denúncias,
havia crianças entre os presos. O controle de Raqqa duraria três anos e ficaria marcado pela
crueldade explícita, com espetáculos diários de execuções e mutilações em praça pública.
Outros grupos rebeldes na Síria reagiram, atacando e expulsando
os integrantes do Estado Islâmico da base que ocupavam na cidade de Aleppo.
Mas o grupo ao mesmo tempo avançava por outras cidades importantes do Iraque e
da Síria. Eles pareciam incontroláveis Em junho de 2014, após mais de um ano
realizando atentados a bomba contra civis e tropas do Iraque, o grupo tomou uma das mais
importantes cidades iraquianas, Mossul. Com a vitória, uma transmissão de rádio
do grupo anunciou a criação de um “Estado Islâmico”, ou califado,
no território tomado do Iraque e da Síria. Abu Bakr al-Baghdadi, dizia a mensagem,
era o califa – termo que apresenta um líder a ser seguido por todos os muçulmanos, no mundo todo.
Em Raqqa, cidade que se tornaria na prática a capital do chamado Estado Islâmico,
combatentes desfilaram em carros pelo centro da cidade para celebrar a criação do califado.
Em seguida, em uma mensagem de áudio, Baghdadi conclamou os muçulmanos do mundo todo a
emigrarem para seu novo “Estado”, dizendo que era o dever de qualquer membro de sua
religião contribuir para o futuro da entidade. O líder fez um apelo especifico para que juízes,
médicos, engenheiros e pessoas com conhecimento administrativo e militar atendessem a seu chamado.
Dias depois, em Mossul, Baghdadi fez uma rara aparição pública, discursando dentro da Grande
Mesquista de al-Nuri, construída no século 12. Imagens gravadas em vídeo permitiram ao mundo
ver em mais detalhes o misterioso líder jihadista. Em sua fala, ele disse que a posição de califa era
um “peso” e pediu apoio.
Ele afirmou: “Eu sou seu líder, embora eu não seja o melhor de vocês.
Então, se vocês virem que eu estou certo, me apoiem. E, se virem que eu estou errado,
me aconselhem”. Segundo relatos, apenas a tomada
de Mossul teria rendido ao grupo US$ 500 milhões, apreendidos no prédio do banco
central iraquiano. Impostos cobrados da população dominada e venda de antiguidades
roubadas de museus, além do comércio clandestino de petróleo, engordavam os cofres da organização.
Com recursos à disposição e uma eficaz máquina de propaganda na internet,
o EI espalhou terror mundo afora. No norte da África e no Oriente Médio, militantes organizados
se aproveitavam de vácuos políticos e da desordem social, em grande parte decorrente da Primavera
Árabe. Foi o movimento de contestação de regimes autoritários que levou a queda de ditadores mas
nem sempre a uma situação mais estávele melhor. Jihadistas afiliados ao Estado Islâmico operavam
na Líbia, tentavam impedir o avanço democrático na Tunísia e criavam focos de extremismo no
Sahel – faixa logo abaixo do Saara, na África. Já em outras partes do mundo, incluindo Europa
e Estados Unidos, atentados foram muitas vezes cometidos por indivíduos agindo de forma isolada
No primeiro atentado influenciado pelo grupo de Abu Bakr al-Baghdadi em solo europeu, em maio de
2014, o francês Mehdi Nemmouche, de 29 anos e origem argelina, matou a tiros 4 pessoas
no Museu Judaico da Bélgica, em Bruxelas. Preso pouco depois do ataque, o jihadista foi condenado
à prisão perpétua. Durante seu julgamento, quatro jornalistas franceses que haviam sido
mantidos reféns do grupo, em Aleppo, disseram que Nemmounch era um dos sequestradores. Ele havia
passado um ano na Síria lutando com o Isis. Em março de 2015, outro museu, num diferente
continente: três militantes mataram 22 pessoas no Museu Nacional Bardo, em Túni, na Tunisia.
A maioria era turista europeu. O chamado Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.
Em junho do mesmo ano, o relativamente seguro Kuwait viu de perto a brutalidade do grupo.
Uma mesquita xiita foi palco de um atentado suicida a bomba, na capital do país. 27 pessoas
foram mortas, e centenas ficaram feridas. No mesmo dia, a Tunísia voltava a sofrer
um massacre assumido pelo chamado Estado Islâmico. Um jovem tunisiano matou a tiros
38 pessoas, a maioria delas turistas britânicos, em um resort em Sousse,
na costa do país. O atirador foi morto, mas anos depois sete islamistas foram condenados
à prisão perpétua por sua participação tanto no ataque de Sousse como no do museu Bardo.
A França começara o ano de 2015 em choque, quando em 7 de janeiro dois irmãos islamistas
franceses mataram 12 pessoas na sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Esse atentado,
entretanto, foi obra da AlQaeda na Península Arábica, parte da rede AlQaeda.
Onze meses depois, seria a vez de do Estado Islâmico espalhar terror pela capital francesa.
No dia 13 de novembro, uma série de ataques coordenados, iniciados com três explosões suicidas
diante do Stade de France, onde a seleção francesa de futebol enfrentava a Alemanha,
matou 130 pessoas. Cafés, restaurantes e a casa de espetáculos Bataclan foram palcos do banho
de sangue, perpetrado por três equipes de jihadistas. Em um dos cafés atacados,
o Le Carillon, os atiradores miraram na direção das mesas na calçada.
“Pessoas se jogaram no chão. Nós colocamos uma mesa sobre as nossas cabeças para nos proteger”,
disse uma testemunha citada pela BBC News. Na Bataclan, lotada com 1.500 pessoas que
assistiam a um show da banda de rock Eagles of Death Metal,
90 foram assassinadas por atiradores que invadiram o local. Ao todo,
9 jihadistas morreram, e 2 suspeitos foram presos meses depois.
O então presidente francês, François Hollande, que estava no estádio acompanhando o amistoso entre
França e Alemanha, chamou os atentados de “uma declaração de guerra” do chamado Estado Islâmico.
Os massacres não pouparam os Estados Unidos.
Em dezembro de 2015, um casal muçulmano invadiu uma festa de Natal
de um escritório na cidade de San Bernardino, na Califórnia. A paquistanesa Tashfeen
Malik e seu marido, o americano Syed Rizwan Farook, mataram a tiros 14 pessoas no evento,
que reunia colegas de Farook. Segundo autoridades, no dia do atentado Malik havia prometido lealdade
ao chamado Estado Islâmico, que posteriormente se referiu ao casal como seus “apoiadores”.
O casal foi morto em confronto com a polícia. Em junho do ano seguinte, 49 pessoas foram mortas,
no que era o pior assassinato em massa da história americana recente. Omar Mateen,
um americano de 29 anos, invadiu a Pulse, uma casa noturna gay em Orlando, na Flórida,
com um rifle AR-15 e uma granada. Em uma ligação para a polícia, antes de iniciar o ataque,
ele disse ter jurado lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi. Horas depois, a polícia invadiu
o local, e no confronto Mateen foi morto a tiros. Foram vários atentados no mundo todo.
O Reino Unido foi particularmente visado em 2017,
com o grupo assumindo a autoria de dois atentados,
em Manchester e em Londres. Em março, um homem-bomba se explodiu no saguão
de entrada da Manchester Arena, casa de shows onde se apresentava a cantora Ariana Grande.
Além do suicida, 22 pessoas foram mortas. No mês seguinte, 3 homens jogaram uma
van contra pedestres na ponte London Bridge. Ao descer do veículo, começaram a esfaquear
pessoas que estavam nas ruas, matando oito. Foram em seguida mortos pela polícia
O ano de 2017 terminou com um massacre gigantesco.
Em 24 de novembro, cerca de 30 militantes atacaram uma mesquita em Al-Rawda,
na Península do Sinai, no Egito, com bombas e metralhadoras.
Mataram um total de 311 pessoas – muçulmanos sufistas, uma corrente diferente do Islã, mística
e não tolerada pelo Estado Islâmico. Bandeiras do grupo foram vistas nas mãos dos atiradores.
Além da sangrenta campanha de atentados, algumas histórias humanas particularmente
dramáticas levaram o mundo a exigir o fim do suposto califado de Abu Bakr al-Baghdadi.
Os sequestros de estrangeiros, posteriormente decapitados, em execuções muitas vezes gravadas
em vídeo, eram exemplares da crueldade do grupo. Em janeiro de 2015, a execução de um piloto
jordaniano, preso depois que seu avião foi derrubado, causou particular indignação
internacional. Mantido em uma jaula, Muath al-Kasasbeh foi queimado vivo, numa cerimônia
chocante também filmada e exibida na internet. Particularmente tocante foi o sofrimento vivido
pelo povo yazidi – uma etnia curda com cultura e religião próprias, considerada
herege pelo Estado Islâmico.
No noroeste do Iraque, próximo à fronteira com a Síria,
o grupo promoveu massacres e a escravidão sexual de mulheres e meninas yazidis.
Em agosto de 2014, tomou Sinjar e outras pequenas cidades a seu redor,
matando parte da população no que ficou conhecido como “massacre de Sinjar”.
Os estupros e a escravidão sexual vieram em seguida.
Um vídeo feito por integrantes do Estado Islâmico, publicado na época no YouTube,
mostrou combatentes do grupo comercializando mulheres yazidis, numa espécie de “mercado”.
Um relatório da Comissão de Inquérito da Organização das Nações Unidas sobre o conflito
na Síria, divulgado em junho de 2016, concluiu que o chamado Estado Islâmico estava cometendo
genocídio contra o povo yazidi. Segundo o presidente da comissão,
o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, “o Isis sujeitou toda mulher, criança ou homem yazidi
que capturou às mais horríveis atrocidades”. O relatório descrevia as formas com que o grupo
buscava destruir a identidade dos yazidi e eliminá-los de suas terras. “O Isis buscou
eliminar os yazidis por meio de matanças, escravidão sexual, escravização, tortura e
tratamento desumano e degradante e transferência forçada causando graves danos físicos e mentais.”
Entidades humanitárias conseguiram resgatar muitas mulheres e meninas, e derrotas
militares impostas pelos curdos libertaram grande parte do contingente sequestrado.
Muitas yazidis enfrentavam um dilema para retornar a sua região.
Por terem dado à luz bebês gerados no cativeiro do Estado Islâmico, muitas famílias não aceitavam
que elas voltassem com os filhos.
Algumas dessas mulheres foram forçadas a abandonar seus filhos
antes de voltar à comunidade yazidi. E um reencontro agridoce
com seus parentes no Iraque, já que para uma família se reunir, outra foi destruída.
Com sua crueldade e ações destrutivas, o EI fez inimigos por todos os lados.
Acabar com o califado de Baghdadi tornou-se prioridade da comunidade internacional.
Estados Unidos, Reino Unido e França passaram a conduzir ataques aéreos contra o grupo em 2014.
O mesmo fez a Rússia, que em 2015 entrou ativamente na guerra síria
em apoio ao regime de Bashar al-Assad. O governo do Iraque, o regime sírio de
Bashar al-Assad, o Irã, o libanês Hezbollah, a Jordânia, outros grupos jihadistas e as Forças
Democráticas Sírias – aliança secular rebelde formada em 2015 – se dedicaram, de uma forma
ou de outra, à destruição do Estado Islâmico. Ganhou destaque a luta travada pelas Unidades
de Proteção das Mulheres, a facção feminina de uma organização militar do Curdistão sírio,
no norte do país. Uma das unidades era composta justamente de mulheres yazidis.
Em seu auge, entre 2015 e 2016, o chamado Estado Islâmico controlava cerca de um terço
do território sírio, especialmente o Nordeste, e grandes faixas de terra e importantes cidades
no Iraque. Com seu domínio sobre Falluja, estabeleceu-se a apenas uma hora de Bagdá.
Em maio de 2015, ainda em expansão, a organização tomou a estratégica cidade de Palmira,
no centro da Síria e onde ficam algumas das mais importantes ruínas da Antiguidade do país,
datadas de cerca de 2 mil anos. Defensor da destruição de toda e
qualquer referência cultural ou religiosa considerada herege, o Estado Islâmico já
havia destruído monumentos próximos a Mossul e artefatos assírios e sumérios mantidos
no museu da cidade. Em Palmira, sua ideologia destrutiva foi novamente colocada em prática,
com boa parte das ruínas implodidas pelo grupo. Em março de 2017, porém, forças do regime
de Assad, com a ajuda de aviões russos, expulsaram integrantes do grupo de Palmira
pela segunda vez – agora, de forma definitiva. No Iraque, aos poucos o governo iraquiano
foi recuperando as cidades perdidas. Em agosto de 2016, iniciavam um monumental
esforço para recuperar o controle de Mossul. Com 30 mil soldados próprios, 4 mil combatentes
Com 30 mil soldados próprios, 4 mil combatentes
da milícia curda, conhecida como Peshmerga, e bombardeios aéreos dos Estados Unidos,
o Iraque foi aos poucos tomando partes da cidade. 9 meses depois,
em 10 de julho de 2017, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou vitória
na guerra contra o Estado Islâmico em Mossul. Em outubro de 2017, foi a vez de Raqqa, na Síria,
considerada a capital do Estado Islâmico. Após uma batalha de 4 meses, as Forças Democráticas Sírias,
lideradas pelos curdos e apoiadas pelos Estados Unidos, expulsaram o grupo da cidade.
O chamado Estado Islâmico, que já perdera seu largo território,
que lhe permitira financiar sua máquina de guerra e terror, ficava agora sem capital.
Em março de 2019, perdeu também sua última base, Baghuz.
Localizada no extremo leste da Síria, ao lado da fronteira com o Iraque e na beira do rio Eufrates,
a retomada de Baghuz marcou o fim do suposto califado de Abu Bakr al-Baghdadi.
Baghdadi, porém, continuava vivo e solto, em algum lugar na região. Mas não por muito tempo.
Em 26 de outubro de 2019, uma operação das forças especiais americanas, com 8 helicópteros,
atacou uma construção onde ele estava. Ele chegou a tentar fugir, mas em seguida se matou
detonando o colete de explosivos que vestia.
Poucos depois, Abu Ibrahim al-Hashemi foi anunciado como novo líder e caliva.
Ele também tinha sido preso pelos americanos 10 anos antes,
na prisão de Bucca. A mesma onde Baghdadi tinha conhecido outros jihadistas.
Sem territórios de onde extrair impostos e recursos naturais e enfraquecido com a perda
de seu mítico líder, o chamado Estado Islâmico deixou de representar a ameaça
regional que assustou o mundo em 2014. A partir de 2019, os ataques internacionais
também diminuíram em quantidade e frequência, em mais um sinal de seu enfraquecimento após
perder suas bases na Síria e no Iraque. No entanto, o grupo continuava ativo,
realizando atentados no Oriente Médio, inspirando grupos armados no norte da África e influenciando
células independentes ao redor do mundo.
No primeiro aniversário da eliminação de Baghdadi,
em 26 de outubro de 2020, o secretário de Estado americano, Michael Pompeo,
divulgou um comunicado, em que afirmava que os Estados Unidos continuavam vigilantes.
“O Isis continua sendo uma ameaça significativa, e é vital que nós
mantenhamos pressão contínua nos resquícios do Isis na Síria e no Iraque e fortaleçamos
nossos esforços coletivos para derrotar as filiais e redes do Isis pelo mundo.”
Espero que vocês tenham gostado do vídeo. Muito obrigada, e até a próxima!