A Batalha do Rio de Janeiro: Batalhas Decisivas #3
Brasil, século XVI: o sol brilha, os pintinhos piam, os indiozinhos brincam no mato:
Salve meus cavaleiros, Thiago e esse é o Impérios AD.
Não foi em São Paulo, não foi em Minas,
não foi na Bahia e não foi no Rio Grande do Sul.
A primeira batalha decisiva da história do Brasil, aconteceu no Rio de Janeiro
num lugarzinho bonito que a gente chama de Baía de Guanabara.
A Batalha do Rio de Janeiro é a prova clara do caos que o Brasil era na época:
índios não gostavam
de índios, que não gostavam dos portugueses, que não gostavam dos...
toc toc,
quem é?
Os franceses!
Portugueses queriam o Brasil e agora os franceses queriam o Brasil; o Brasil
era pequeno demais pra duas superpotências europeias, e o futuro da nação seria decidido
no campo de batalha, entre índios e europeus.
Esse é um Tamoio,
e esse é um Temiminó,
que conhecemos carinhosamente por “índios”.
Eles eram vizinhos, e como bons vizinhos,
eles faziam o que bons nativos deveriam fazer:
Se você pensava que os índiozinhos eram paz e amor,
só de boa na rede tomando água de coco com tapioca, não vou te enganar não:
Você não sabe de nada, ou mentiram pra você esse tempo todo.
Viajantes alemães e franceses escreveram
algumas crônicas no século XVI, relatando o que acontecia quando tamoios atacavam temiminós:
Eles contam que os ataques causavam uma grande carnificina,
e que só se viam homens e mulheres esquartejados e até bebês assados inteiros.
E os pobres Temiminós moravam aqui, Ilha de Paranapauã, que a gente conhece hoje pelo
nome de Ilha do Governador;
os Tamoios queriam a ilha, mas os temiminós não queriam dar a ilha pros tamoios até que...
“toc toc”
“Os franceses.”
Os franceses chegam no Rio em 1555
e ajudam os Tamoios a expulsarem os Temiminós da Ilha de uma vez por todas,
e agora franceses e Tamoios dominam o Rio de Janeiro...
Peraí, franceses?
Mas e os...
“toc toc”
“os Tugas!”
O chefe Maracajá-Guaçu, o grande Gato Bravo,
e seu povo estavam à beira da extinção e só uma pessoa poderia ajudá-los.”
Mem de Sá, o Governador Geral do Brasil, era
o único que poderia salvar os Temiminós das garras dos Tamoios.
Do Espírito Santo, ele envia 4 caravelas armadas
à Baía de Guanabara para resgatar os amigos.
Centenas foram salvos e levados ao Espírito Santo onde formaram diversas aldeias.
Mas a partir daí,
os portugueses teriam uma preocupação que tiraria o sono deles por quase 10 anos
à frente: os franceses tinham chegado, e pra ficar.
Então, Mem de Sá tinha que agir logo:
Essa carta é só para avisar que os franceses estão aqui,
estão construindo uma fortaleza indestrutível, e só quererem conquistar o Brasil todo.
Só isso só...
Então se puder mandar uns soldados para ajudar, eu acho que seria bom, pá!
Seu servo, Mem de Sá.
Mas Mem de Sá tinha 3 problemas:
o 1 é que as cartas demoravam pra cacilds pra chegar lá;
o 2 é que Portugal tinha uma quantidade terrivelmente pequena
de soldados, e o 3 é que esses soldados estavam espalhados pelo Império no mundo todo.
Demorou tanto pra conseguir reforços que deu tempo de D. João III morrer, e seu neto se tornar o novo rei.
Ele, o português mais amado da Espanha, D. Sebastião,
mas que ainda era criança, tendo como regente sua vovó D. Catarina da Áustria.
Em 1560, Portugal finalmente envia reforços:
Ele, o sobrinho do governador-geral, o fazedor
de cidades, Estácio de Sá!
Ele chega no Espírito Santo, na época Capitania de São Vicente.
Mem e Estácio de Sá, teriam aliados implacáveis nessa luta,
os índios Temiminós
e seu novo líder, o índio dos índios brasileiros:
o Cobra-Feroz, carinhosamente chamado de...
Arariboia!
140 Temiminós e 120 portugueses levariam a vingança e o caos aos franceses e tamoios.
Mas os franceses ficaram 10 anos sussa no Rio, e criaram a França Antártica, que era
o nome original e bem criativo que eles deram para o território brasileiro.
E sob a liderança
do almirante Villeganon, construiram uma grande e poderosa fortaleza na ilha de Villeganon:
é, a ilha era do caro, essa aqui mesmo, do lado do Aeroporto Santos Dummont.
Por volta de 1560 a fortaleza tinha 900 homens:
e com tantos homens juntos por tanto tempo,
alguns probleminhas começaram a aparecer.
Mas, não tema, Villeganon tinha tudo sob controle:
O almirante começava a ficar impopular com
suas restrições bitoladas protestantes, e vários franceses acabaram abandonando a
fortaleza e indo pra galera.
Com menos homens, ele resolve deixar a fortaleza e voltar a
França pessoalmente para buscar mais reforços, mas chegando na França o caos estava instalado
com a morte do rei Henrique II, e os reforços não partiram.
Quem segurou a bagaça no Brasil foi seu sobrinho, que na manhã de 20 de janeiro de 1567, via
se aproximar da fortaleza uma esquadra de 10 galeões.
E no século XVI só uma coisa
assustava mais do que um galeão português:
10 galeões portugueses!
Mas o forte Coligny
estava fortemente protegido com mais de 115 franceses e 800 tamoios nervosos,
com canhões pra todo lado.
Mas os galeões liderados por Mem de Sá e Estácio de Sá, eram dragões de madeira
cuspindo fogo sobre a fortaleza:
depois de 2 dias de bombardeios intermináveis, os franceses
e tamoios não aguentam a pressão, abandonam a ilha e fogem para uma aldeia vizinha.
E agora tirem as crianças da sala, porque Arariboia entra em modo berzerker tupi e junto com os
temiminós e portugueses, exterminam brutalmente os tamoios e franceses fugitivos.
A baía de Guanabara agora era a Baía de sangue.
Estácio de Sá, endiabrado, ordena a destruição
completa do forte e a captura de todo o armamento francês.
A derrota dos franceses e a destruição de sua base colonial no Brasil, mandava um aviso
claro ao Reino francês:
o Brasil já tinha dono e estaria disposto a lutar pelo que era seu.
E dois fatores foram fundamentais para a derrota francesa: o primeiro era que a diferença
de poder marítimo entre Portugal e França era gigantesca.
O segundo fator era a separação
étnica e psicológica entre franceses e indígenas:
os líderes franceses encaravam os índios
como meras ferramentas e proibiam a miscigenação;
os portugueses ao contrário, já haviam assimilado
os tupis e já tinham...acasalado com elas, criando um laço mais familiar com os nativos
e um apego maior entre si.
E na hora da pancadaria rolando solta, pode acreditar, isso faz toda a diferença.
Os portugueses perceberam a importância estratégica da Baía de Guanabara e seu território na
proteção do Brasil, por isso em 1 de março de 1565 Estácio de Sá funda a cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro, defendida já na primeira batalha decisiva da história do Brasil.
Durante a batalha Estácio de Sá foi atingido por uma flecha envenenada no
olho e morreu um mês depois, se tornando o patrono da cidade.
Logo após a batalha,
o Governador Mem de Sá ordena o povoamento da cidade, construção de bases militares,
igrejas, uma câmara, armazéns, alfândega;
e como recompensa por sua luta heroica,
Arariboia e seu povo são designados como guardiões eternos e fundadores de um território vital
para a proteção e desenvolvimento da jovem nação:
a cidade de Niterói.
A Batalha do Rio de Janeiro mostra uma nação ainda em construção,
jovem, frágil e dividida pelo conflito,
mas que já começava a mostrar onde queria chegar e pelo que lutar:
portugueses e temiminós se unem e conseguem uma vitória épica contra franceses e tamoios, consolidando
assim a dominação portuguesa no país.
Agora, a construção do Brasil recomeçaria, e avançaria,
com um jovem povo ainda buscando sua identidade,
seja pela guerra, seja pela paz.
E assim, entre rosas e espinhos o Brasil seguiria enfrentando seus desafios,
sem saber que apenas 100 anos
depois, seu povo se tornaria um novamente para lutar a batalha mais decisiva da sua história.
Obrigado por assistir, um grande abraço, se cuida e Adeus!