O caminho de cada um: Pela honra do Uruguai (Pavel)
Termos úteis
Arquibancada: assentos não numerados de onde as pessoas assistem a competições esportivas e torcem por seus atletas favoritos.
Bermuda: espécie de calça que vai até o joelho.
Bloco de partida: local onde se situa o início da partida, ou seja, onde os atletas iniciam a competição.
Campeonato: espécie de competição esportiva na qual o primeiro colocado recebe o título de campeão.
Dirigente: pessoa responsável pela equipe, diretor.
Escalar: no contexto, significa ser selecionado para disputar a competição.
Golfinho: mamífero que vive na água, semelhante a um peixe, que possui o focinho alongado; no contexto do depoimento, um tipo de nado semelhante ao do golfinho.
Medalha: prêmio que se dá aos vencedores das competições, consistindo numa chapa metálica pendurada a uma corrente que se coloca ao redor do pescoço.
Ó: interjeição para chamar a atenção do ouvinte; pode ser também contração do termo “olha”, usada com o mesmo propósito.
Raia: no esporte, cada uma das pistas usadas pelo nadador.
Saída: momento que marca o início da competição.
Saída em falso: no esporte, largada cancelada de uma prova.
Tremendamente: de maneira incrível, extraordinária.
Uruguai… é. Teve um fato interessante, quer dizer, faz muito tempo, tem mais até… é… eu tô… agora, analisando rapidamente, tem 51 anos, por que foi em 1958, e aconteceu no Uruguai, eu era da equipe brasileira e era o melhor na prova de 50 metros, nado golfinho. Eu até fui introdutor do golfinho nas Américas, que era o nado que se nadava com a pernada de peito e depois disso passou a se fazer o movimento… é… simultâneo no plano vertical, que assimilara ao golfinho, então é o nado golfinho. E eu era muito veloz, então fui escalado para o último dia, que é o grande festival de encerramento do Campeonato Sul-Americano, para nadar essa prova. Entretanto, no dia anterior eu saí com amigos porque já não tinha competição mais… é… contando ponto, e aí fomos ao cassino, fomos dormir tarde e fizemos algumas extravagâncias. No outro dia, que era o dia do festival do término da competição, eu aí com dor de cabeça, pedi pra não nadar. Aí falei: “Ó, tô sem condições de nadar." Entretanto tinha um treinador que fazia muito bem o shiatsu, e aí fez, e a dor de cabeça passou. Mas como eu já tinha dito, já tinha sido substituído, eu não podia mais nadar. Entretanto, eu fiquei perto do bloco de partida, tava com outros amigos, lá também da equipe brasileira, e tava até de bermuda. E aconteceu que na primeira saída desta prova, teve uma saída em falso, isso é, os nadadores puderam regressar para uma nova saída. Aí eu brinquei com os companheiros que se desse uma nova saída em falso, a raia que estava à minha frente, que eu não sabia nem daonde era, que eu iria nadar naquela raia. E aconteceu a segunda saída em falso. Aí eu entrei naquela raia, de bermuda, e aí foi dada a partida. E nessa situação eu nadei e venci a prova. E essa raia era a raia do Uruguai. E aí a arquibancada, toda a assistência, veio abaixo e gritando: “Uruguai! Uruguai! Uruguai”! E foi a única vitória que o Uruguai teve. Só que tem que o dirigente brasileiro… é… falou: “Olha aí, anuncia aí que o nadador da raia quatro não é Uruguai, nem tampouco estava inscrito”, e aquilo o pessoal “Ahhhhhh!" E nesse momento eu fui entrevistado, e aí eu disse: “Não, como o Uruguai não teve oportunidade de ganhar nenhuma medalha durante toda a competição, eu me esforcei tremendamente para fazer essa homenagem ao Uruguai." A partir daí eu era o herói, né, a partir daí eu tive… é… todas as benesses do… do… do povo uruguaio.