UE-China debatem futuro das relações comerciais
[UE-China debatem futuro das relações comerciais].
Não faltam questões urgentes a debater na cimeira entre a China e a União Europeia que se realiza por videoconferência esta segunda-feira.
Com o espetro da pandemia longe de se dissipar e a turbulência em Hong Kong bem presente, está em cima da mesa o futuro das relações comerciais entre as duas potências.
Daniel Gros, diretor do Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS), dá-nos uma visão pragmática sobre o desequilíbrio de forças, considerando "que não há grande coisa a fazer.
A China tornou-se demasiado grande, cresce de dia para dia.
Já não é possível tentar mudar o seu comportamento.
Pode dizer-se que as violações dos direitos humanos acarretam menos abertura europeia em termos comerciais e em relação ao investimento chinês.
Mas, para a China, são questões secundárias.
A Europa pode manifestar o seu descontentamento, mas não mudar o rumo das coisas."
E, mesmo assim, a Comissão Europeia acabou de apresentar um pacote de ferramentas para proteger o tecido empresarial europeu.
Surgem, nomeadamente, mecanismos concorrenciais para controlar a compra de companhias europeias por parte doutras estrangeiras, sobretudo chinesas, que recebam apoios estatais.
A preservação do mercado único esbarra num obstáculo flagrante: os Estados-membros também estão em concorrência entre si.
Weinian Hu, investigadora no mesmo Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS), entende que a "União Europeia não tem poder de coerção.
O que pode conseguir em conjunto em termos políticos é uma questão.
Mas por outro, as decisões relativamente à política externa são tomadas ao nível de cada Estado-membro".
O mote foi dado pela vice-presidente e comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, que afirmou que "há um fosso atualmente e a situação tem de mudar".