Os pescadores que patrulham a fronteira grega
O estuário do rio Evros é uma fronteira natural entre a Grécia e a Turquia.
Não tem sido dos pontos de passagem migratória mais abordados nas notícias.
Mas desde que o presidente turco anunciou que as portas da Europa estavam agora abertas, as atenções redobraram nesta área que apresenta uma particularidade: são os pescadores que se encarregam espontaneamente de controlar aqueles que tentam alcançar terra grega.
Um desses pescadores, Alexandros Adalis, explica-nos que "como se trata de uma área de acesso difícil, vigiá-la é complicado.
Daí a ajuda que oferecem à polícia e ao exército".
Os confrontos que se têm sucedido nos últimos dias acontecem 130 quilómetros a norte deste local.
Mas as autoridades gregas têm-se concentrado cada vez mais nesta zona, que se estende por 200 quilómetros quadrados.
Desde o final de fevereiro que os pescadores começaram a efetuar patrulhas noite e dia.
Segundo o governo grego, já foram registadas mais de 7 mil tentativas de travessia em apenas 24 horas.
Outro pescador, Aris Papadakis, diz-nos que "os migrantes são transportados em veículos militares turcos, ao longo dos caminhos mais sinuosos do outro lado do estuário, para tentarem atravessar.
Uma vez que são os pescadores que conhecem a área aqui, as autoridades gregas pedem para guardar a fronteira".
Na verdade, têm surgido vários relatos de detenções efetuadas espontaneamente por milícias de cidadãos armados.
O que nos dizem é que a tensão é cada vez maior, "que os soldados turcos apontam as armas aos pescadores, para que se afastem e deixem entrar os migrantes em solo grego".
Segundo Aris, "tem havido muitas provocações do lado turco e, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer um incidente. É uma linha muito ténue".
Enquanto não se concretizam as promessas de reforço das patrulhas na zona, os pescadores continuam à procura.