Cisjordânia "suspensa" de plano israelita de anexação
A partir de 1 de julho, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, poderá apresentar ao Parlamento planos para anexar território palestiniano na Cisjordânia.
Uma medida que está, também, prevista no plano de paz proposto pelos EUA, em janeiro deste ano, mas muito criticado pela comunidade internacional, incluindo pela União Europeia, tendo a Autoridade Palestiniana apelado a sanções se for concretizado.
"... Os palestinianos apreciam a posição da União Europeia e dos seus Estados-membros contra a anexação, que consideraram uma violação da lei internacional. Se Israel continuar com esse processo de anexação, a Europa deve agir e adotar novas medidas que devem ir para além da simples condenação ou rejeição do plano de anexação", (disse Abdalrahim Alfarra, representante da Autoridade Palestiniana para a União Europeia, em Bruxelas).
(O poder geopolítico da UE não é usado?)
Mais de mil deputados europeus, de várias tendências políticas e países, assinaram um manifesto que alerta para o risco de maior instabilidade com os países árabes da região, defendendo a tradicional proposta de "Dois Estados" para pôr fim a este longo conflito no Médio Oriente.
"... Penso que este assunto representa uma questão quase existencial para definir a Europa enquanto força geopolítica. A Europa é o primeiro parceiro comercial de Israel. Essa posição económica não está a ser devidamente explorada como alavanca política. A Europa deve usar a sua força comercial, o seu grande mercado, como instrumento para concretizar uma ação política ambiciosa e abrangente, que promova a paz", (afirmou Malik Ben Achour, deputado belga de centro-esquerda que assinou o manifesto).
(Uma questão de segurança?)
Mas o governo ultraconservador israelita tem alegado que anexar os colonatos judaicos existentes em território palestiniano, sobretudo no estratégico Vale do Jordão, é uma questão de segurança.
"... A atual posição israelita, que conta com o apoio norte-americano, é de que é preciso garantir a aplicação da sua lei civil e de segurança a áreas que sempre consideraram fazerem parte de Israel", (explicou Dan Diker, analista de Política Externa no Centro Políticas Públicas de Jerusalém).
"... Nenhum israelita vai admitir passar o controlo do estratégico Vale do Jordão para as mãos de potenciais adversários. A única maneira de implementar a solução "Dois povos, dois Estados" é se a pequena nação democrática judaica (que é Israel) estiver em segurança", acrescentou.
Ou seja, os argumentos da estabilidade e paz são usados por Israel por ser um enclave numa região maioritariamente muçulmana, (onde) com alguns países que nem (sequer) reconhecem o direito à sua existência.
Mas o chefe da diplomacia da União Europeia, (Josep Borrell), tem insistido que a anexação unilateral de território é ilegal à luz das resoluções da ONU e que mina os direitos do povo palestiniano em termos de território e autodeterminação.