Tipos de frevo parte 2 de 3
Dando continuação ao texto do vídeo da lição anterior, a parte dois vai dos 0:53 aos 6:30.
Sendo que dessas três modalidades, frevo de rua, canção e bloco, o frevo de rua tem dentro dele três modalidades. São elas: o frevo coqueiro, o frevo ventania e o frevo abafo.
O frevo coqueiro, segundo nossos mestres, é aquele tipo de frevo, que quando era feito, o destaque vai pro naipe de metais, no caso, trompetes e trombones – por eles tocarem notas muito altas, né, agudas. Daí vem o nome coqueiro. E como a gente, sinceramente, praticamente nasceu e se criou nas ruas e ladeiras de Recife e Olinda, a gente sabe tocar até alguns, logicamente decorado, né.
Mas pra isso, Marcílio...
Marcílo aqui, o trombonista, né? Pra quem...
Nosso trombonista, nosso barão do frevo. Vocês vão saber o porquê. Porque Marcílio é um dos maiores empresários que vocês possam imaginar, de orquestras itinerantes. Orquestras de rua.
- Ô negão, só em Almeira tu tens uns 50, não tem não? Diga aí.
- Já cheguei a 48, precisamente.
- Por isso que é o nosso barão.
- Marcílio, diga aí um bom exemplo de um frevo coqueiro, pra gente tocar aqui pra mostrar pro pessoal como é uma modalidade dessa.
- Rapaz, tem tanto frevo coqueiro bonito que até é difícil de escolher um.
- escolhe um só
- um só, eu sugiro "Relembrando o Norte" do professor Severino Araújo. - Maravilhoso. Clássico do nosso carnaval. "Relembrando o Norte". do maestro Severino Araújo, da orquestra Tabajara. pouca gente sabe que pra nossa sorte, felicidade e honra, é pernambucano.
Puxa aí um frevo, Augusto!
Frevo coqueiro. Destaque para os trompetes e os trombones, os metais tocando notas agudas. Vai!
(♪♫ ♪)
Obrigado.
Tem também o frevo vento ventania. Esse, segundo os nossos mestres, quando ele é feito, o destaque vai para as palhetas da orquestra. Para os saxofones. Eles dizem que quando essa melodia acontece, parece que as palhetas estão num verdadeiro temporal, digamos assim, e um grande exemplo, é esse outro clássico do nosso frevo de rua "Mexe com tudo" do mestre Levino Ferreira. Puxa aí um frevo, Augusto!
Frevo ventania. Destaque para os saxofones. Vai!
(♫ ♪ ♫)
Obrigado.
E aí vem o frevo abafo. Sinceramente falando, acho o mais mágico de todos e foi aí que tudo começou. E para ser muito sincero, há não muito tempo atrás, eu não sabia o que era frevo abafo. Tive que falar sobre isso numa entrevista.
A moça me perguntou do frevo coqueiro, falei ; ventania, falei, aí quando ela perguntou do abafo, eu digo, pera aí, só um minuto aí. Liguei para o maestro Duda:
- Maestro, como é esse negócio de frevo abafo? Não estou sabendo explicar aqui não.
Aí ele disse: "Spok, é simples." Ele falou o seguinte: Quando vem uma orquestra puxando um clube, numa rua, numa ladeira, né, em dias de carnaval, e que aqui na rua do lado vem outra orquestra puxando outro clube, e quando o presidente ou o próprio maestro da orquestra percebe que o outro está se aproximando, ele pede pra lascar um frevo abafo, que é para abafar a outra orquestra, né.
É sério, mas é maravilhoso. É assim mesmo. Ou seja, a gente percebe o quê?
Jamais um maestro vai pedir para, num momento desse, a orquestra tacar um frevo coqueiro. Coitado do músico de metal. Já puxou dois arrastões de manhã, dois à tarde, dois à noite e o pico não aguenta tocar né. Não tem quem aguente.
Ele também não vai pedir nunca pra colocar, numa hora dessa, um frevo ventania. Por que? Porque o saxofonista vai estar preocupado com a execução, a coisa é meio difícil de se executar. E não vai surtir o efeito de abafar o outro clube. Né. Tem que ser um frevo de melodia simples.
Essa coisa de dinâmica, de baixinho e cresce e decresce, a nuância... nem pensar.
Tocar afinado, nem... pelo amor de Deus, né
Tocar afinado na hora do frevo abafo, vai pro espaço totalmente.
Ou seja, resumindo, minha gente, pense no tamanho da zoada pra gente, músico ali, que é para poder abafar a outra orquestra. Pense.
Agora eu queria convidar aqui, chamar também mais uma vez aqui, pedir ajuda aos universitários, Marcílio.