Sertanejo - Tocando em frente (parte 2/2)
Essa lição é uma exceção à regra. Usaremos o mesmo vídeo da aula passada, e eu fornecerei a transcrição da entrevista que aparece a partir dos 5 minutos e 27 segundos do vídeo.
Abri essa exceção, porque achei muito interessante a história que o cantor conta, de como a música surgiu. Achei que ele foi muito humilde na maneira de contar a história, de como ele e o amigo dele escreveram a música juntos e a sucessão de fatos que vieram em seguida.
Bem no comecinho do vídeo, ele dá uma pequena introdução, e depois vem a história aos 5:27.
Ele começa dizendo:
— Agora vou tocar uma música que você... disse que se eu vier até aqui, tinha que cantar essa musica. Então eu vou cantar essa música.
5:27
Entrevistadora — Almir, tudo que você canta é bonito, parece que você escolhe muito bem, combina com você. E, como é que você participou dessa música? Ou no que você se inspirou?
Almir Sater — Essa música, na verdade, eu acho que foi um grande presente, que tanto eu como o Renato Teixeria recebemos.
Eu fui jantar na casa do Renato Teixeira, sem nenhum instrumento, sem nada. Tinha um violão do filho dele, olhando pra gente ali, eu acho que até (estava) faltando uma corda. O menino, ele era uma criança ainda, o Chico.
Aí fiquei, peguei o violão, comecei a dedilhar e veio uma melodia muito rápida.
O Renato, daquela forma que te falei, meio que estatelou o olho e saiu escrevendo uma coisa muito rápida. E naquele intervalo que a esposa dele falou "vem jantar, tá na mesa, tá na mesa", aí (respondemos) "já vamos", fizemos aquela música e fomos jantar. Aí cheguei em casa, eu falei: olha eu fiz uma música com o Renato Teixeira, aí, às pressas, e tal.
Aí o povo lá de casa falou: então toca a música.
Aí toquei a música. Lembro que falaram assim: olha, uma das melhores músicas que você fez ultimamente.
Mas ela veio tão rápido, tão, tão sem pensar – e às vezes as coisas que vêm muito rápido na vida da gente, a gente não dá muito valor assim. Então eu não percebi, assim, a mensagem da música.
E todo mundo, que eu mostrava essa música, falava assim: 'Pô, que lindo! ", né? E de repente toca o telefone na minha casa. Ligou uma grande cantora brasileira, que eu não a conhecia, só conhecia pelo trabalho dela, chamada Maria Bethânia.
Parece que eu tenho alguma luz, que protege essa menina também. Ela falou: Almir, você não tem nenhuma música para eu gravar?
– Olha Bethânia, puxa, eu fico até assim, mas não tenho. Eu mal dou conta pro meu gasto, assim das músicas que eu faço, né. Até acabei de fazer uma música, mas o Renato Teixeira vai gravar essa música.
(Ela) falou: então, canta no telefone para mim essa música.
Aí cantei no telefone, ela falou assim: essa música é minha.
Então são um monte de coincidências, assim, que eu acho que essa música veio como presente, pra gente poder cantar essa mensagem tão bonita, tão otimista. Né?
Acho que não tem talento para fazer uma música, em um minuto, dois minutos assim, letra e música pronta. Eu acho que essa aí foi psicografada mesmo.
Entrevistadora — É muito linda. Parabéns! Parabéns! Vou fazer um pequeno intervalo. Rapidinho.