JOGUINHO | EMBRULHA PRA VIAGEM
Pessoal! Todo mundo aí.
Tudo bem com vocês?
Quer dizer, tudo bem não tá, né?
Ou está, que nesse novo normal
o tudo bem mudou, né?
Hoje o lado bom, o que é bom assim
é o que é o antigo ruim.
Que a gente chamava de ruim.
Que agora só tem o ruim e o péssimo do outro lado.
Então o ruim virou o novo bom do tudo bem,
que é mais ou menos isso.
Espero que esteja tudo ruim,
que é o tudo bem, entendeu? Você entendeu.
Bom, hoje a reflexão que eu vou fazer
é o de um joguinho de videogame
e os benefícios para os pais.
A tranquilidade que trouxe um pouco pra vida.
Mas nem tudo tem só o lado bom que é ruim.
Tem videogame aí que tá uma loucura.
O meu mais novinho joga um de adotar coisas,
bichinhos, pets, né?
Ele adota cachorrinho, adota girafa, tartarugas,
um unicórnio colorido, é muito lindo assim.
Aí é depois que começa o problema.
Que ele tem que trocar, vender.
Acho que é mais ou menos assim.
Ele troca pelo carro do ano,
aí ele arrepende, porque a tartaruga ele gostava,
valia pontos.
Aí ele chora muito.
Tem ficado deprimida a criança com essas coisas.
Aí eu fico triste.
Outro dia eu tentei ajudar ele, não entendi nada do jogo,
inclusive fiquei bem preocupado,
achei que o jogo tem incentivo à aglomeração.
Uma hora tem a bicharada toda junta ali,
misturado com espaçonave, é bem confuso.
Tem uma hora que tá tudo aglomerado,
e os balõezinhos "bora pra piscina", "tô com fome"
Eu não entendi aquilo.
E vem umas telinhas pra trocar os produtos.
Parecia uma feira livre.
Me deu até uma vontade de vomitar, fiquei meio tonto.
Me lembrei até daquela animação japonesa dos nos 90,
que falava que dava os negócios na cabeça da criança.
Eu fiquei com medo de dar convulsão ali.
Preocupa pela criança ali.
Mas eu falei "Depois da pandemia eu vejo isso."
Mas tá complexo.
Pra quem tem filho, vou tentar explicar essa parte do jogo.
Imagina que você tá numa festa à fantasia bombada,
que você pode ir fantasiado do que você quiser.
E só foi convidada
gente que trabalha na bolsa de valores dos anos 90.
Aquela muvuca, gritaria, para vender e trocar.
Ninguém quer beijar na boca nessa festa,
ninguém quer tomar álcool, só quer mesmo trocar produtos.
E você mistura isso
com o emocional de uma criança pequena.
Desgraça, é uma desgraça.
Outro dia inclusive
meu filho perdeu a senha da conta do videogame.
Chorou. Falei "vamos abrir uma conta nova."
Aí a Eleonora já gritou, ela entende do jogo.
"Você está louco?! O menino tem prédio de oito mil!"
O meu filho tem um prédio de oito mil?!
Eu não tô conseguindo pagar o condomínio,
vamos vender esse prédio, pra pagar...
Mas não, é do jogo, é do ponto, enfim.
Ele virou um menino de negócios.
Tenso, né?
Mas de negócios.