HOMENAGEM DO FANTÁSTICO | EMBRULHA PRA VIAGEM
Sérgio era destemido.
Graduou-se em Direito na UFPR em meados dos anos 90.
Ganhou notoriedade nacional
quando condenou à prisão um ex-presidente
que queria ser candidato novamente.
E aceitou ser ministro do maior concorrente político desse ex-presidente,
que acabou ganhando a eleição.
Compôs o ministério ao lado de alguns investigados,
condenados pela operação anti-corrupção
que ele ajudou a popularizar.
Professor, jurista, ministro.
Deixou pra trás a tão sonhada vaga no STF
pois nunca compreendeu direito o significado da palavra prova.
Sérgio abraçou o capeta,
mas não conseguiu viver no inferno.
Nelson foi médico oncologista,
consultor em saúde,
e por um período um pouquinho maior que um feriado prolongado,
ministro da saúde.
Ele assumiu a missão de socorrer uma nação
no que seria a maior pandemia da história recente do planeta.
Nelson tinha um semblante pálido.
Mórbido.
Muitas vezes despertando a curiosidade
das pessoas ao seu entorno se ele realmente estava vivo.
Mesmo que ali, em pé, reunido perante os seus.
Nelson foi tão importante no combate ao avanço da pandemia
quanto o atacante Fred na Copa de 2014.
Nelson abraçou o capeta.
Mas não conseguiu viver no inferno.
Regina.
Regina foi por quase 50 anos
a namoradinha do Brasil.
Foi rainha da sucata,
foi Helena, foi Malu, foi mulher.
Foi bastante confusa no seu discurso de posse como ministra.
Cruel e bem insensível numa entrevista recente.
Foi extremamente incompetente no cargo que lhe fora atribuído.
Regina abraçou o capeta,
mas ele mesmo não conseguiu ficar muito tempo ao seu lado
e a mandou embora pra bem longe.
Mas ali mesmo, dentro do próprio inferno.
Fazem parte dos milhares de brasileiros
que acreditam na Cloroquina.
Na gripezinha.
Na terra plana.
No privilégio dos povos indígenas.
Na meritocracia.