A tecnologia a serviço da sustentabilidade
A tecnologia a serviço da sustentabilidade
- A questão da água é emblemática quando se discute como a ciência pode ajudar na conservação dos recursos; afinal a escassez de água potável e a falta de saneamento básico estão entre os maiores problemas sócio ambientais, atingindo mais de 2 bilhões e meio de pessoas.
- Na sua opinião, qual é o recurso mais importante pra vida no planeta terra?
- Recurso? A natureza!
- Qual é o recurso mais importante que a gente tem no planeta?
- Água.
- Água? Quem aqui tem outra opinião?
- Planta.
- Planta? É o recurso mais importante?
- O ar.
- O ar?
- Eu acho que... Eu diria a água, a biodiversidade, meio-ambiente como um sistema bem entrosado e bem articulado... Talvez este seja o recurso natural mais importante.
Na Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, um dos mais prestigiados centros de pesquisa do país, no Instituto de Química da UNICAMP, está sendo desenvolvida uma nova tecnologia que usa a energia solar para purificar a água.
- Então, estudos são desenvolvidos em simuladores solares, porque senão estaríamos sempre dependentes da radiação do sol, que pode não ser exatamente a mesma, nem todos os dias, né? A grande inovação desse invento é a questão da sustentabilidade, porque ele vai funcionar totalmente, ali... é alimentado por energia solar. Aqui, é pra poder entender o processo. E aí depois nós procuramos usar, numa maior área, como aplicar esse processo no sistema pra descontaminar a água.
A poluição da água é uma das maiores responsáveis pelo aumento na taxa de morte de vegetais e da fauna marinha em todo o planeta. Todos os dias, dois milhões de toneladas de resíduos contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água, provocando a morte de algas, peixes e corais.
- Esse sistema, ele pode ser muito útil pra colocar como uma fase final de purificação da água, de efluentes, antes que eles sejam despejados nos rios e nos aquíferos. Mas, não de fato pegar a água dum rio e... ou duma lagoa, e tentar purificá-la, porque esses radicais hidroxilas que se formam, eles não são seletivos. Eles vão atacar tanto as bactérias ruins e os contaminantes, como eles vão atacar outros seres vivos. Então, não posso utilizar isso num rio... A proposta é que a água que seja, que vai ser despejada de uma indústria, ou mesmo de outros setores que possam contaminar, que essa água seja purificada antes por esse sistema.
- A pesquisa desenvolvida pela professora Claudia Longo já tem um pedido de patente depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A solicitação foi feita pela própria UNICAMP, através da sua Agência de Inovação.
- A professora conseguiu comprovar a viabilidade técnica de, através da energia solar, melhorar, né, a ação dos poluentes na água. Agora, para que isso se converta em um equipamento, que vai ser vendido e colocado nas fábricas que fazem a poluição, a gente precisa encontrar uma empresa interessada em continuar a ir se desenvolvendo que é o que a gente chama de, que é o desenvolvimento industrial, para disponibilizar isso, pra que as empresas possam comprar. Então, a Inova, ela trata de todo esse, esse, esse processo, desde identificar as pesquisas na universidade que têm esse potencial, né, daí a gente orienta elas fazerem a patente. Porque a patente é justamente o mecanismo que diminui o risco das empresas de investir naquela tecnologia. Elas vão precisar gastar, não só tempo, mas também dinheiro, para que aquela pesquisa vire de fato um produto. E aí no final, né, esperando um caso bem sucedido, a gente tenha uma empresa que coloque um produto desses no mercado. E daí ela vai vender esse produto pra sociedade, e a UNICAMP recebe uma parte, que a gente chama de royalties, e inclusive uma parte dele vai pro pesquisador.