SEGUNDO TURNO | PARAFERNALHA
Aí depois tem almoço ali, tá bom? Dois biscoitinhos água e sal e um copinho d'água…
- Obrigado. Próximo! - Opa…
- Bom dia, amigo. - Bom dia, tudo bom?
-Que isso… Carla?
Presta atenção, presta atenção: você não pode votar nesse cara, entendeu?
Você não pode votar nesse cara porque ele é um péssimo candidato!
- Ele vai acabar com nosso país. - Como é que você sabe que vou votar no cara?
Porque eu vi que no Facebook você ia voltar nele…
então eu vim até aqui para dizer para você não votar que vai acabar com tudo, entendeu?
- Calma aí, rapidinho. Você mora em outro estado. - Sim.
- De lá até aqui são 6 horas de viagem. - Sim.
- Tu já votou?
- Eita.
Só para saber…
Carlinha, me perdoa, mas vou votar, tá bom? Tá aqui meu amigo.
- Desculpa, desculpa. - Que isso?
Ih, professora Tereza...
Puta que pariu… Você já votou, moleque?
- Ainda não, eu vou votar agora.
- Não, não, não vota, não.
O que tá acontecendo aqui, gente? Entrando gente gritando… Não to entendendo.
Você não sabe o que está acontecendo?
O que está acontecendo? Lembra a merendinha que você comia…
na época do primário, que você gostava, lembra?
- Lembro, boa, sempre gostei. - Então…
- O candidato está comendo essa merendinha. - Ah tá de sacanagem.
Vocês perderam o tempo de vocês para virem aqui para impedir meu voto?
Tá brincando. Professora, desculpa. Amigão, tá aí, ó.
- Que isso… - Toma, toma.
Toma o quê?
Pera aí, esse aqui é o meu celular que roubaram na sexta-feira…
Ah, filho da puta, foi tu que me roubou, porra!
Foi, exatamente, mas não tem mais roubo, irmão.
Já te devolvi teu celular.
Num faz essa merda de votar nesse cara que esse cara é um bandido.
Tá de sacanagem, falando que o cara é bandido, pelo amor de Deus.
Eu vou votar aqui. Mais alguém para impedir aqui o meu voto?
Tem mais alguém ou eu posso voltar em paz agora, posso?
Meu amigo, preciso que você vote, você vai votar?
Quero almoçar.
Só ir lá, né? OK.
- Faz isso, não. - Ô, meu candidato, vou votar no senhor aqui agora.
O país me ama, o povo me adora, segura aí, gente.
- Vou votar aqui agora no senhor. - Faz isso, não.
Não faz o quê? Não vota no senhor?
Não vota em mim, pensei melhor, o país está quebrado, não vamos fazer isso.
Vamos no outro, vamos no outro candidato. Ele é melhor.
Eu vou votar então porque o senhor está pedindo.
Nem tente votar em mim. Eu sou Julinho Otako. Jutsu do sumiço para sempre.
- Eu tô te vendo ainda. - Tá me vendo?
- Tô. - Merda.
Jutsu do sumiço para sempre!
Agora cara sumiu mesmo…
Vai votar, amigo?
O documento!