De onde veio o coronavírus? As hipóteses analisadas pela OMS na China
Um relatório mais recente da Organização Mundial
da Saúde trouxe algumas conclusões sobre a pandemia de coronavírus.
Mas ele deixa também algumas dúvidas a serem respondidas.
Segundo o próprio diretor da entidade, a origem do vírus ainda
não foi desvendada. Mas há teorias. Eu sou Nathalia Passarinho, e neste vídeo eu vou
explicar as 4 hipóteses divulgadas pela OMS, e a conclusão deles sobre cada uma delas.
No final, eu também vou falar sobre as principais dúvidas que o relatório levanta.
Então vamos lá.
Esse relatório divulgado pela OMS analisou quatro hipóteses para a origem do coronavírus,
e classificou a probabilidade de cada uma delas. A primeira é sobre a possibilidade de transmissão
direta de animal para humano. O relatório concluiu que é provável
que isso tenha acontecido. A base do argumento é que há
fortes evidências de que o vírus tenha se originado e se desenvolvido em um animal.
De acordo com essa tese, o animal teria infectado diretamente um ser humano com
o vírus. Ou seja, sem a participação de outro animal como intermediário.
E, a partir daí, teria começado a transmissão de humano para humano.
Ainda segundo o relatório, há grande chance de que esse animal seja o morcego.
Isso porque o morcego sabidamente carrega uma quantidade grande de
vírus passíveis de transmissão ao homem. Mas o documento também deixa aberta a
possibilidade de que pangolins ou visons sejam esses animais transmissores.
Esses mamíferos são muito comuns na Ásia. Mas e se essa transmissão não tiver sido direta?
É isso que sugere outra hipótese analisada pelo relatório.
Ela envolve o papel de um animal intermediário. A conclusão é de que essa tese é ainda mais
provável que a primeira. Ou seja, provavelmente um
animal desenvolveu o vírus e infectou outro animal, que, por sua vez, infectou o homem.
Isso se baseia no fato de que o vírus relacionado ao Sars-Cov-2
encontrado em morcegos tem diferenças em relação ao vírus encontrado nos humanos.
E essas diferenças sugerem que haja um elo perdido nessa cadeia de infecção.
Esse elo perdido pode ser um outro animal. Ele teria entrado em contato com o primeiro
animal, adquirido o vírus, e depois infectado um humano.
O documento afirma um número crescente de animais suscetíveis à infecção pelo
coronavírus têm sido descobertos e que esse número inclui animais
silvestres criados em fazendas. O mercado de Wuhan, apontado
como chave no início da pandemia, era abastecido por mais de 20 dessas fazendas.
O problema é que, como afirma o estudo, essa conclusão leva a vias complexas de transmissão,
que são difíceis de desvendar completamente. A terceira hipótese é a de que o coronavírus
tenha atingido humanos por meio de produtos alimentícios.
Ou seja, o vírus teria chegado aos humanos através de alimentos ou de
embalagens em que os alimentos são armazenados. Isso inclui os congelados que são constantemente
vendidos no mercado de Wuhan, local apontado como origem do primeiro surto do coronavírus.
A conclusão do relatório da OMS é de que a hipótese é possível, mas não provável.
Isso porque, por um lado, há evidências de que o
coronavírus pode sim sobreviver em alimentos congelados e embalagens.
A imprensa chinesa, aliás, tem levantado essa possibilidade constantemente nos últimos meses.
Eles apontam que o vírus pode ter chegado ao país através de alimentos estrangeiros.
No entanto, o relatório da OMS afirma que não há evidências conclusivas para isso.
E que essa possibilidade de que a contaminação tenha se dado dessa forma é baixa.
A quarta e última hipótese do documento da organização é de que o vírus foi originado
em um acidente de laboratório. Nesse relatório, a OMS deixa
claro que não investigou se o vírus foi espalhado deliberadamente por uma pessoa.
E nem se ele foi fabricado em um laboratório, uma hipótese já descartada em trabalhos anteriores.
O que relatório diz é que um vírus pode sim ser gerado em laboratório através de um acidente.
Mas a conclusão é que, no caso do coronavírus, isso é extremamente improvável.
A razão é simples. Não há registros de vírus
relacionados ao Sars-Cov-2 em qualquer laboratório antes de dezembro de 2019, quando o coronavírus
foi identificado pela primeira vez. E nem mesmo de genomas que em combinação
poderiam fornecer um genoma Sars-Cov-2. Segundo a OMS, os laboratórios de Wuhan
que trabalharam com o coronavírus têm níveis de biossegurança de alta qualidade.
E não houve qualquer registro de infecção pelo vírus em membros da equipe que trabalharam nesses
locais antes de dezembro de 2019. Apesar dessa conclusão,
Tedros Adhanom admitiu que é necessária uma investigação mais aprofundada sobre isso.
A gente viu até aqui as conclusões da OMS a
respeito das quatro hipóteses sobre a origem do coronavírus.
Mas como eu disse lá no início, algumas coisas ficaram sem resposta.
A gente destaca aqui as três dúvidas principais.
A primeira é em relação ao mercado de Wuhan. Desde o início da pandemia, o mercado de Huanan,
que fica em Wuhan, tem sido apontado como uma possível fonte do surto de covid na China.
Mas o relatório diz que não há uma conclusão firme sobre isso.
Acontece que os primeiros casos estavam sim ligados ao mercado de Wuhan.
Mas existia um número semelhante de casos ligados a outros mercados.
E há também casos que não estavam relacionados a nenhum mercado na China.
Isso pode sugerir, segundo a OMS, que o mercado de Huanan não seja a fonte original do surto.
A segunda dúvida levantada pelo relatório tem a ver com a possibilidade de o coronavírus
ter surgido em fazendas de outros países e chegado em mercados chineses.
O relatório sugere que o coronavírus pode sim ter chegado na China
através de fazendas de animais selvagens. E isso abre uma importante via de investigação.
Quando o coronavírus foi detectado, o mercado de Wuhan estava recebendo
produtos de origem animal de 20 países. Em alguns desses países, inclusive, foram
detectados casos de coronavírus ainda em 2019. A OMS sugere que para rastrear melhor a origem
do vírus, é importante analisar o comércio de animais e produtos em outros mercados,
assim como estudar animais suscetíveis ao vírus em fazendas no sudeste da Ásia.
Essas fazendas poderiam ser o local onde um coronavírus saltou de um morcego para outro
animal e de lá para as pessoas. A última incógnita é sobre
quando o coronavírus apareceu. A gente já mencionou aqui que o vírus foi
detectado pela primeira vez em dezembro de 2019. Mas o relatório sugere que ele pode ter
circulado por muito meses antes de ser detectado em um humano pela primeira vez.
Uma análise de vários estudos feitos ao redor do mundo indica que o vírus
pode ter circulado inclusive em outros países, antes de ser descoberto em Wuhan.
A qualidade desses estudos, porém, ainda é limitada.
Por isso, a OMS recomenda mais testes em animais da China e do Sudeste Asiático e mais
estudos sobre os primeiros casos do coronavírus. Além disso, a entidade sugere um rastreamento
nas cadeias de abastecimento das fazendas ao mercado de Wuhan.
Segundo Tedros Adhanom, uma única análise não pode fornecer todas as respostas.
Bom, como deu para percebeu, muita coisa ainda precisa ser estudada e esclarecida sobre a origem do vírus.
Mas algumas informações reveladas neste novo relatório podem ser pistas importantes.
Com isso, eu fico por aqui. Não esqueça de curtir o vídeo,
se inscrever no canal e deixar seu comentário. Obrigada pela audiência. Até a próxima!