-Amor, vamos? -Bora.
Nem acredito que a gente vai sair, finalmente.
Ai, nem me fale. Nem eu, meu Deus.
Bora lá.
Amor.
Máscara, né?
-Posso sair um pouquinho sem? -Não.
Só um pouquinho. Dar uma saidinha só.
-Não. -Uma saída, vai.
Só a cabecinha. Vai, vida louca.
-Deixa, só um pouquinho. -Amor, não.
Você está infectando igual. Não existe isso.
Vai, máscara.
Estou morrendo de vontade de sair sem.
Não. Você está maluco?
Amor, não. Você está louco?
-Faz um tempão que eu não saio. -Não.
É que sair de máscara não é a mesma coisa.
-É igual chupar bala com papel. -Mas olha só.
-É o que vivemos hoje. -Eu não sou grupo de risco, não.
-Eu me garanto. -Não é sobre você, meu amor.
A senhorinha do segundo andar.
Elevador. Está maluco? Não.
Vamos fazer o seguinte? Estou morrendo de vontade de sair.
Eu saio e, quando eu estiver lá fora,
eu ponho a máscara. Deixa eu fazer isso.
-Não. Sem, não. -Olha o meu nariz. Está vendo?
O que tem a ver o seu nariz com isso?
Incomoda porque não tem máscara pro meu formato de rosto.
Cadê? Vai, põe sua máscara.
Eu não sei nem colocar isso. Aqui, amor, olha.
-Não é pro meu rosto. -Meu Deus. Dá aqui, vai.
-Quer ver? -Deixa eu te ensinar, meu amor.
-Coloca aqui numa orelhinha. -Olha o que está acontecendo.
Está vendo? Estou perdendo a vontade de sair.
Perdi a vontade.
Amor, vai aonde?
Eu estou pensando em usar os fundos.
-A máscara? -Acho que, nos fundos,
-não precisa de proteção, né? -Precisa, sim.
-Precisa, não, vai. -Precisa.
Deixa pra lá. Vou sair, não.
Nossa, está um cheiro horrível aqui atrás.
É que eu tenho que descer o lixo.