Visto gold? O que fez brasileiros investirem R$ 1 bilhão em imóveis em Portugal
[Nov 16, 2018].
Você já ouviu falar nos vistos gold de Portugal, né?
Se não, procurou agora no Google que eu sei...
Meu nome é Renata Moura, sou repórter da BBC News Brasil aqui em Londres, e nesse vídeo vou falar sobre uma enxurrada de investimentos brasileiros em Portugal, que é tema de uma reportagem que eu fiz para o nosso site.
Fala sobre como Portugal despontou nos últimos anos como destino de investimentos brasileiros no mercado imobiliário.
Olha aqui, gente, eu não estou recomendando investimento pra ninguém.
Eu vou explicar a vocês também um pouco sobre os vistos e o que é preciso para entrar nessa fila.
Ora pois, você está se perguntando de onde é que vem o meu sotaque.
Da Bahia? Será que ela é do Rio? De que Rio? Grande do Norte?
Eu conto no final do vídeo.
Minha pesquisa mostrou que os investimentos brasileiros em imóveis em Portugal já superaram 1 bilhão de reais em 2017 e devem dobrar em 2018.
Ou seja, superar a marca de 2 bilhões de reais.
É possível olhar isso por dois lados.
Nós brasileiros, não sei você, mas eu não, porque não tenho dinheiro pra isso ultrapassamos os britânicos e estamos hoje em segundo lugar no ranking dos que mais investem, atrás dos franceses.
Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino, mas Portugal ultrapassou a Argentina, o Reino Unido e a França e hoje é o segundo principal destino.
Enquanto os investimentos nos Estados Unidos vêm caindo, em Portugal mais do que dobraram em dez anos. E por quê?
São três motivos: primeiro, problemas no Brasil, como falta de segurança pública, crise na economia, má qualidade dos serviços públicos e até a instabilidade política, empurrando esse pessoal para uma nova vida na Europa.
Segundo: Portugal tem custo de vida e preços de imóveis mais baixos do que outras capitais europeias.
Tem a facilidade da língua também, aquela velha história de "ufa, aqui eu posso falar português".
Terceiro: o investimento favorável a estrangeiros, que atrai gente que quer diversificar investimentos ou empreender por exemplo.
E a maioria dos investidores nem está interessada em visto, pelo que me disseram os entrevistados.
Isso me leva a um outro ponto, porque tem uma turma que, sim, está de olho nesses vistos, o sistema de vistos gold, que já atraiu investimentos de mais de 500 brasileiros desde que foi lançado.
Eles oferecem possibilidade de residência permanente e, depois de seis anos, também de cidadania portuguesa.
O governo português lançou o sistema para atrair recursos estrangeiros em um país em plena crise em 2012.
Vamos lembrar que Portugal, Itália, Grécia estavam numa baita penúria nessa época.
Inclusive, teve um monte de português também indo para o Brasil.
Ao longo desses anos, 586 brasileiros aportaram 352 milhões de euros de olho nesses vistos, o equivalente a 1,5 bilhão de reais.
A procura é grande entre chineses, turcos e vietnamitas também, por exemplo.
Para conseguir esses vistos, é preciso comprar um imóvel de no mínimo 500 mil euros, ou seja, 2,1 milhões de reais.
Esse limite mínimo cai um pouco para 350 mil euros ou 1,5 milhão de reais se o imóvel estiver em uma área de reabilitação urbana e passe por obras.
Muita gente compra imóveis até mais caros do que isso e acaba financiando uma parte desse valor.
Uma das vantagens que os brasileiros veem nesses financiamentos é que os juros em Portugal estão em torno de 2% ao ano.
No Brasil, é quatro vezes maior.
Mas tem custos adicionais: entre contratação de advogado e trâmites burocráticos, uma família de três pessoas, por exemplo, me contou que precisou desembolsar cerca de 10 mil euros, o que dá uns 42 mil reais, só no processo.
Um dado curioso é que parte desses investimentos tem sido feita por aposentados.
Inclusive tem um visto separado para esse público: são chamados vistos D7, concedidos a aposentados ou titular de qualquer outra renda fixa que comprove que consegue se manter por conta própria em Portugal.
Funciona assim: se você é aposentado e quiser morar em Portugal, deve comprovar uma renda mensal igual ao salário mínimo vigente no país europeu.
Hoje, são 580 euros, o que dá mais ou menos 2.450 reais por mês.
Também precisa ter seguro-saúde para se candidatar a esse visto.
Mas essa onda maior de brasileiros investindo em Portugal não passou despercebida: com uma procura maior, os preços dentro de Portugal dispararam e ficou difícil para os próprios portugueses comprarem a casa própria.
Então, o que inicialmente era visto como um movimento positivo, ou seja, muito dinheiro entrando na economia em recessão, agora já começa a receber críticas de uma parte da população, sendo visto como um veículo de especulação imobiliária.
Não é que existe um clima de hostilidade no país, mas existe sim uma pressão para que o governo resolva o problema das pessoas que ficaram à margem.
E vamos lembrar que Portugal, como disse o FMI, virou a página da crise e vem crescendo nos últimos quatro anos.
Os brasileiros são a maior comunidade estrangeira em Portugal: eram mais de 85 mil pessoas até 2017.
E vamos ouvir o que me falou Luís Lima, que é presidente da associação que representa o mercado imobiliário em Portugal: "O brasileiro que está vindo pra cá pra Portugal? É um brasileiro que nos interessa muito.
São pessoas com capacidade financeira, mas também tem muitos jovens com formação, que podem ajudar a desenvolver nosso país, né?
"Essa fuga que o Brasil está vendo agora, ele diz que Portugal também vivenciou durante a crise e que o país perdeu muito com isso.
Abre aspas: "por isso tenho defendido que os brasileiros que vêm para cá têm que ser 'acarinhados'.
Foi a expressão que ele usou.
Já o pernambucano Gustavo Morais, dono de uma imobiliária, vê também um outro lado.
Na opinião dele, o Brasil sofre o efeito colateral nefasto com essa história.
Na análise do empresário, o país está perdendo capital e recurso humano.
Ele acredita que, para esse recurso fazer o movimento de volta, é preciso primeiro ter estabilidade política, institucional e de segurança pública no Brasil.
Nas palavras dele, se isso não acontecer, vai faltar avião para levar tanta gente do Brasil para Portugal.
Esse aqui foi um resumo da minha reportagem.
Se você quiser ler mais, tiver alguma dúvida, quiser fazer alguma sugestão, escreve aqui embaixo, que eu prometo que vou ler tudo e responder também.
Não sei se você está muito interessado: gente, eu sou de Natal, no Rio Grande do Norte.
Oi, mainha, olha eu aqui.
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