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Porta Dos Fundos 2018, LOUCURA

-Arlindo, né? -Sim.

Arlindo, eu estava olhando o seu currículo

e fiquei um pouquinho em dúvida

sobre as suas experiências profissionais passadas.

-Pô, nem me fala. -O quê?

Correria.

Correria doida mesmo.

Mas o que você fazia?

-Loucura. -Como assim?

É como o povo diz, né? Pega pra capar.

Não, eu entendi, mas o que você fazia exatamente?

Então, "pega pra capar" é uma expressão, né?

Assim, é doideira mesmo...

Se... Como o povo diz?

Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come.

Trabalhando sol a sol. Sabe? Dormindo em pé?

Entendi. Então vamos... Onde?

Onde você trabalhava? O nome da empresa.

Quando eu chegava em casa, minha mulher nem me reconhecia.

Não tinha tempo nem pra beber água.

Era pega pra capar mesmo. Doideira.

Tipo, trabalho, muito trabalho.

E a sua função?

Pô, eu jogava nas onze, né?

Se tivesse treze, eu jogava. Eu cruzava para eu mesmo cabecear.

Sabe como é que né?

É o que o mercado pede, né?

Estou nesse mercado há 20 anos, imagina.

Vamos mudar de assunto. Né?

Desfocar desse negócio de trabalho.

No tempo livre,

o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

No tempo livre, eu trabalho.

No tempo livre, o que eu mais faço é trabalhar mesmo.

Porque se você tá livre, né, é porque dá para trabalhar.

Tá bom.

E se você fosse um bicho?

Qual bicho você seria?

Quem pensa em ser bicho é porque não está trabalhando, né?

Prefiro trabalhar do que ficar pensando em ser bicho.

Até porque, se tem uma coisa que não trabalha, é bicho.

Eu trabalharia com uma capivara? Não.

Se está ruim para a gente, imagina para ela?

Já viu águia trabalhando? Não tem.

Só fica lá voando, vendo as coisas de cima.

Agora, trabalho trabalho, quem trabalha é gente.

Olha só, a gente está com uma certa urgência em contratar.

Eu vou fazer um teste com você. Você parece disposto.

E a gente vê no que dá.

Você pode começar para mim...

segunda-feira.

-Tá bom? Obrigado. Jessica... -Segunda-feira?

Só um instantinho. Segunda estou meio pegado.

Segunda eu estou na correria, segunda é dia de doideira.

Tá bom. Quando é que você poderia?

Um pouquinho mais para frente.

Lá, lá na frente. Deixa que eu entro em contato.

Assim que eu tiver um tempinho livre, tá bom?

Valeu.

-Oi, amor. -Oi.

E aí, como foi a entrevista hoje?

Mais ou menos.

Não estão contratando, não. O mercado está horrível.

Está doideira.

É?

Vamos sair para jantar então?

-Hoje? Hoje... -É.

Não estou com tempo para jantar, não.

Uma loucura isso aqui, está...

está uma doideira, está... um pega pra capar aqui.

Você está bem?

Não tenho tempo de estar bem, não.

Quem está bem está com muito tempo livre.

Eu estou... porra. Vou ficar bem?

Cheio de coisa para fazer, vou ficar bem?


-Arlindo, né? -Sim.

Arlindo, eu estava olhando o seu currículo

e fiquei um pouquinho em dúvida

sobre as suas experiências profissionais passadas.

-Pô, nem me fala. -O quê?

Correria.

Correria doida mesmo.

Mas o que você fazia?

-Loucura. -Como assim?

É como o povo diz, né? Pega pra capar.

Não, eu entendi, mas o que você fazia exatamente?

Então, "pega pra capar" é uma expressão, né?

Assim, é doideira mesmo...

Se... Como o povo diz?

Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come.

Trabalhando sol a sol. Sabe? Dormindo em pé?

Entendi. Então vamos... Onde?

Onde você trabalhava? O nome da empresa.

Quando eu chegava em casa, minha mulher nem me reconhecia.

Não tinha tempo nem pra beber água.

Era pega pra capar mesmo. Doideira.

Tipo, trabalho, muito trabalho.

E a sua função?

Pô, eu jogava nas onze, né?

Se tivesse treze, eu jogava. Eu cruzava para eu mesmo cabecear.

Sabe como é que né?

É o que o mercado pede, né?

Estou nesse mercado há 20 anos, imagina.

Vamos mudar de assunto. Né?

Desfocar desse negócio de trabalho.

No tempo livre,

o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

No tempo livre, eu trabalho.

No tempo livre, o que eu mais faço é trabalhar mesmo.

Porque se você tá livre, né, é porque dá para trabalhar.

Tá bom.

E se você fosse um bicho?

Qual bicho você seria?

Quem pensa em ser bicho é porque não está trabalhando, né?

Prefiro trabalhar do que ficar pensando em ser bicho.

Até porque, se tem uma coisa que não trabalha, é bicho.

Eu trabalharia com uma capivara? Não.

Se está ruim para a gente, imagina para ela?

Já viu águia trabalhando? Não tem.

Só fica lá voando, vendo as coisas de cima.

Agora, trabalho trabalho, quem trabalha é gente.

Olha só, a gente está com uma certa urgência em contratar.

Eu vou fazer um teste com você. Você parece disposto.

E a gente vê no que dá.

Você pode começar para mim...

segunda-feira.

-Tá bom? Obrigado. Jessica... -Segunda-feira?

Só um instantinho. Segunda estou meio pegado.

Segunda eu estou na correria, segunda é dia de doideira.

Tá bom. Quando é que você poderia?

Um pouquinho mais para frente.

Lá, lá na frente. Deixa que eu entro em contato.

Assim que eu tiver um tempinho livre, tá bom?

Valeu.

-Oi, amor. -Oi.

E aí, como foi a entrevista hoje?

Mais ou menos.

Não estão contratando, não. O mercado está horrível.

Está doideira.

É?

Vamos sair para jantar então?

-Hoje? Hoje... -É.

Não estou com tempo para jantar, não.

Uma loucura isso aqui, está...

está uma doideira, está... um pega pra capar aqui.

Você está bem?

Não tenho tempo de estar bem, não.

Quem está bem está com muito tempo livre.

Eu estou... porra. Vou ficar bem?

Cheio de coisa para fazer, vou ficar bem?