Sete: Mairo and Pedro, dois estudantes de línguas
Mairo: Alô.
[interjeição usada por brasileiros quando se atende o telefone] Pedro: Estou [interjeição usada por portugueses quando se atende o telefone]?
Olá. M: Olá, Pedro, está-me ouvindo?
P: Estou, estou.
M: Está bom o áudio?
P: Está, está.
O que é que aconteceu? Fui eu que recusei? M: Não, é que estou testando um programa para gravar o áudio do Skype.
Daí eu fui ligar. P: Ah para os podcasts
M: É, sim.
Ou para qualquer áudio que eu queira gravar. P: Ah ok.
M: Mas aí, tudo bem?
P: Tudo.
E Por ai? M: Eu queria perguntar: você… Faz tempo que você o LingQ lá?
P: O quê?
M: Faz tempo que você conhece o LingQ?
P: Há umas duas semanas ou três
M: Ah é pouco
P: Por altura do Natal.
M: Sim, é pouco tempo, né?
P: Sim
M: Mas e aí, você vem estudando lá?
Eu ouvi que você falou com o Steve que você estudava línguas… P: Sim, sim, até agora tenho estado lá, tenho estado a estudar o alemão e isso.
Às vezes tento ver alguma coisinha de espanhol, que é para tentar não falar portunhol. M: E então, eu estava estudando… eu estudo japonês, não sei se você sabe.
P: Já ouvi.
Ouvi há bocado o podcast. M: Sim é, então… Só que agora eu estou um pouco parado com o japonês.
Eu estou fazendo outras coisas.. e para não ficar, para não ficar parado assim eu comecei a dar uma olhada no espanhol, né? P: Não precisamos de ter muito tempo disponível para poder rever as coisas com o LingQ.
M: É sim.
P: Dá jeito.
M: Você chegou a estudar assim espanhol ou só muito pouco?
P: De espanhol tenho um livro, o teach yourself, e então, e como não é muito difícil pronto… agora o alemão tenho de estudar na escola.
M: Sim.
Sim, claro. Eu também… Eu tenho vontade de perguntar, porque eu estava estudando espanhol… P: Com o LingQ?
M: Sim e agora comecei a dar uma olhada a alguns dias atrás.
P: Sim
M: Com o LingQ… É… Para a gente que fala português é estranho porque é muito… Como posso dizer?
É fácil de entender, né? P: Sim, sim.
M: Mas para falar, assim, eu não sei… Parece que se eu fosse tentar falar….
P: Tem muitas armadilhas.
M: Sim.
E aí acaba sempre ficando no portunhol… P: É. Por isso convém aprender as coisas que são diferentes.
É mais por essa, por isso. M: Mesmo caso do espanhol… Você acha o quê?
O que a gente teria de aprender? As palavras mesmo que são diferentes? P: Exacto, porque eu acho que é fácil comunicar, mas não… para ser correcto é que é mais difícil.
Mas para nós, como falamos português, acho que até é muito fácil. É uma questão de estudar um bocadinho M: É umas palavras.
P: Exacto.
E a escrita e a pronúncia. M: Uhmuhm… Mas o que você estuda mais é o alemão, então?
P: É, o alemão.
Estou a ver se também vejo alguma coisa em inglês mais complicado, mas até agora não tenho feito nada no LingQ. M: Ah inglês eu sempre penso: “vou estudar inglês agora”, mas acabo nunca estudando, porque eu uso, assim, bastante no dia-a-dia mas, para estudar eu não sei.
Eu não sei porque não dá, assim, vontade de estudar. P: Ah!
Também não me dá a mim. É só uma questão… é para aprender palavras e isso, então para ler os livros complicados como o Senhor dos Anéis [Lord of the Rings] ou assim, tenho de aprender as palavras, porque é muito complicado. M: É muito complicado.
E o alemão é difícil? O que é que você acha? P: Quer dizer… Uma pessoa vai se habituando.
Eu só estudo há um ano e três meses e acho que já consigo ter conversas muito simples… M: Ah então para um ano deve estar bom.
Mas o que é que você acha difícil do alemão? P: Do alemão?
Não sei… quer dizer as palavras para mim até me entram facilmente na cabeça, sinceramente não sei. Acho que… M: Você acha fácil?
P: Sim, quer dizer, gostava de poder aprender mais depressa, mas tudo tem o seu tempo, não é?
M: Com certeza.
P: Então e o japonês é muito difícil?
M: No japonês o que é difícil é a escrita, né?
Os ideogramas. P: Pois.
M: Porque a escrita é necessária para aprender uma língua, para ler…
P: Exacto.
E no caso do japonês há o Kanji e depois os outros, os silabários. M: É, os silabários.
Ou silábicos... Eu não sei se é silabários ou silábicos. P: Não sei, também.
Eu já li em inglês e assim tentei uma tradução rasca. M: É. Talvez as duas estejam certas não sei.
Mas é o Kanji que é o dos ideogramas e esses silabários que são dois… P: Exacto: o Hiragana e o Katakana, não é?
M: É. Os silabários são fáceis.
Normalmente eles ensinam silabários, né, os professores, e usam bastante os silabários. Só que no japonês de verdade... P: Sim
M: Usa muito Kanji e aí então é difícil.
E aí é uma barreira porque se você não sabe ler e difícil. No início só os silabários são suficientes, mas a partir de um nível assim intermediário você tem de saber ler, senão não tem como. P: Pois.
M: É como a nossa língua nativa, né?
P: Claro.
M: Para melhorar a gente tem de ler mais.
P: Exacto e aprender palavras novas, quer dizer!
M: Sim.
Mesmo em português. P: Exacto.
Todos os dias! M: É
P: Então, mas há quanto tempo é que aprendes japonês?
M: Há faz tempo, hein?
Faz uns seis anos. P: Ah.
Pois no início deve ser mais difícil, mas depois com o tempo… M: É. Na realidade eu comecei há seis anos atrás mas ai eu parei um tempo, uns dois anos, que foi quando eu comecei a fazer faculdade, e no ano passado eu fui para o Japão.
Fiquei lá dez meses. P: Ah!
Isso deve ter sido muito bom. M: Foi!
Principalmente na parte da conversação, né? P: Pois.
M: Que eu aprendi… Só que, mesmo eu tendo estudado alguns anos de japonês é, como e que eu posso dizer… Eu, eu… Foi a primeira língua que eu estudei.
Eu nunca tinha estudado nenhuma outra língua, então… P: Nem inglês?
M: Nem inglês.
Inglês é uma coisa que eu simplesmente vim usando no dia-a-dia, na Internet e essas coisas, e aprendi naturalmente. Mas estudar mesmo a língua assim, porque eu queria aprender foi o japonês… P: Exacto.
Pois o inglês eu comecei a aprender quando era mais pequeno, mas aquilo que me fez aprender foi a Internet também. M: É, então eu aprendi jogando videogame (videogame = português do Brasil; jogos de consola = português de Portugal), e o computador e essas coisas, mas o japonês é… Eu acho que… Eu vim estudando, eu era bem esforçado principalmente no início,
P: Sim…
M: Mas por exemplo eu nunca fazia listening . P: Ah sim.
M: Eu estudava só com livro, assim.
Então eu não entendia quase nada, assim. Eu fui aprendendo. P: Pois.
Também sabendo só escrever e depois quando temos de falar com alguém cara-a-cara é mais difícil. M: É. Então e hoje em dia eu acho que eu fiz bastante coisa errada, assim.
Eu não sabia muito como estudar. Hoje em dia eu acho que se for estudar outra língua não vai ser tão difícil quanto foi o japonês. Porque talvez eu saiba uns métodos melhores. Não sei. P: Pois.
Eu acho que é uma questão de ganhar prática. M: Sim é, ganhamos prática estudando línguas, né?
P: Sim, sim.
Também sou muito melhor a aprender alemão agora do que quando estava a aprender inglês. Porque é uma questão de pratica, acho que comecei bem e agora já estou no ritmo. M: Sim.
É mas é isso, eu continuo estudando japonês mas eu quero, eu tenho 3 línguas que quero estudar, é o espanhol, o italiano e o francês, porque eu acho que a gente que gosta da línguas… P: Para nós o espanhol está mais…
M: Próximo?
P: Sim.
E tanto no Brasil como em Portugal temos vizinhos que falam espanhol. E o francês é capaz de ser um bocado mais difícil, mas e mais fácil do que muitas outras línguas. M: Sim, eu penso que o mais próximo é o espanhol.
P: Pois.
M: Depois o italiano e depois o francês.
P: E depois ainda há o romeno.
M: Sim o romeno também.
Eu não conheço, mas eu acho que é um bocadinho mais distante, não é? P: É. Acho que é um bocadinho mais distante, não sei se é mais difícil, mas também, mas como também está mais isolado e também não tem tanta fama.
M: É que eu nunca ouvi assim nada de romeno, então não tenho a mínima ideia de como é que é.
P: Já ouvi um bocadinho.
Há partes que parecem um bocadinho português. M: Ah sim?
P: Parece-se mais com o português do que com o francês, só que depois as palavras e isso deve ser tudo diferente, porque esteve lá ao pé do russo e das línguas eslavas.
Então parece um bocado…. M: É que eu espanhol eu entendo, né.
P: Pois.
M: Eu consigo entender.
O italiano um pouco não tanto quanto o espanhol, mas já o francês eu não entendo nada. P: Eu francês entendo um bocadinho porque aprendi na escola, mas depois comecei a deixar para trás.
Quer dizer, aquilo, as aulas não… Eram uma grande confusão! Mas agora se ouvir alguém a falar francês devagar, consigo perceber a maior parte, só que quando vejo televisão não percebo nada. Portanto acho que depende, depende da ocasião. M: Sim, é, depende mesmo.
P: Mas quero ver se um dia volto a estudar francês, que é para, sempre deve ser mais fácil estudar agora do que quando comecei.
M: Com certeza.
E você é novo. Você tem quantos anos. Dezassete, né? P: Dezassete.
M: Né, não parece, né?
Pela voz. P: Ah!
Deve ser do microfone.