13.06.23 - O celular de Cid e a CPI dos Atos Golpistas
Quanto mais você está próximo e quanto mais confiança você tem, mais poder você tem também
Então ele tinha esse acesso livre ao Bolsonaro porque também ele era muito leal
Eu acho que isso define o Cid, mas essa lealdade cobrava um preço que era essa de se escalar
Para essas missões espinhosas, polêmicas
Há três meses, a jornalista Andréa Sadi traçava aqui no assunto um perfil do Tenente-Coronel Mauro Cid
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Na época, Cid já era investigado em várias frentes, como o inquérito das milícias digitais
E a tentativa de Bolsonaro de se apropriar de joias dadas pelo regime saudita
Você vai se lembrar dessa história
Mas recentemente, outras evidências acabaram complicando ainda mais a situação do então faz-tudo do ex-presidente
Uma operação da Polícia Federal revelou que comprovantes de vacinação contra a Covid-19 de Jair Bolsonaro
Familiares e auxiliares dele foram fraudados
Seis homens ligados a Bolsonaro acabaram sendo presos por envolvimento nesse esquema
Entre eles, o ex-major Ailton Barros e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que é alvo de quatro inquéritos
E agora também investigado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro
Na semana passada, por exemplo, surgiram provas da presença de Cid no centro da trama golpista
Na perícia feita no telefone, apreendido com ele no dia em que ele foi preso
A Polícia Federal encontrou várias conversas sobre tratativas e tramas
Para enviabilizar a posse do então candidato Lula, vitorioso nas eleições
E manter o presidente de então Jair Bolsonaro no poder
São conversas com pessoas ligadas também ao ex-presidente Bolsonaro e pessoas ligadas ao Mauro Cid
Um acúmulo de indícios que levantam inúmeras questões
Será que o Mauro Cid estaria planejando um golpe de Estado sozinho?
Será que ele ia dar um golpe em nome do Bolsonaro?
Ou ele era apenas alguma pessoa que estava trabalhando para o Bolsonaro?
Da redação do G1, eu sou Nathuzan Neri e o assunto hoje é
O celular de Mauro Cid e a CPI dos atos golpistas
Como as novas evidências encontradas no aparelho do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Podem impactar a comissão e o futuro político do ex-presidente?
Neste episódio, eu converso com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN
Terça-feira, 13 de junho
Malu, como as evidências encontradas no celular de Cid se somam a outras que já existiam?
E eu queria saber se você considera que essas novas evidências complicam ainda mais a vida do então faz-tudo de Jair Bolsonaro
Eu acho que complicam bastante a situação do Mauro Cid porque até então você tinha uma situação
Em que você estava falando de um ajudante de ordens, de uma pessoa que faz tudo pelo presidente
Mas a gente pensava que esse ajudante de ordens estava ali para lidar com o cartão da vacinação
Para vetar os telefonemas, para fazer as reuniões, para cuidar da Michelle
Coisas pessoais, entende? Agora eu acho que a coisa ganhou um outro tamanho
Porque você está falando de um ajudante de ordens que tem essa... Uma função que tem essa natureza pessoal
Mas que está cuidando de uma questão absolutamente institucional, política, estratégica
Ele estava ali ajudando a recolher elementos para justificar um golpe de Estado
Por que isso? O que foi descoberto no celular do Mauro Cid a partir da operação sobre a fraude nos cartões de vacinação?
Descobriram que ele trocava mensagens e documentos para sustentar a convocação de uma GLO
Uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem
É um instrumento que a Constituição prevê para casos de garantia da ordem pública
Quando você tem uma grave perturbação da ordem, o presidente da República pode convocar as Forças Armadas
O Exército para atuar numa determinada questão, numa determinada região
O que o Mauro Cid tinha no celular dele? Minutas, pareceres, documentos
Dando suporte à convocação de uma GLO
E vamos pensar que isso foi em dezembro, então já tinha acontecido a eleição
Aí a Polícia Federal descobre esses documentos, tinha até uma minuta de um decreto
Dizendo que face a grave perturbação da ordem pública, o Bolsonaro convocaria uma GLO
Então vamos pensar o seguinte, a eleição já tinha acabado, não tinha vindo ainda a posse do Lula
E tá lá o ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro juntando todos esses documentos
O inquérito tá avançando, agora outros já podem ser chamados para depor
E, inclusive, estão sendo alvos de outras medidas planejadas pela PF
Porque foram flagrados nessas trocas aí
O ex-major do Exército, Ailton Gonçalves Moraes Barros
E também o Sargento Luiz Marcos dos Reis
Eles dois eram da equipe de Mauro Cid
É lícito, é natural que você pense que ele tava ali juntando esses documentos
Porque ele esperava alguma grave perturbação da ordem pública
Você juntando essas evidências com o fato de que já foi apreendida uma outra minuta
Justificando uma intervenção no Tribunal de Superior Eleitoral, lá na casa do Anderson Torres
Em janeiro, a Polícia Federal apreendeu na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro
Anderson Torres uma outra minuta de um decreto para instaurar estado de defesa
No Tribunal Superior Eleitoral, medida inconstitucional
E um outro indício da trama de um golpe
Forma-se um quadro que a Polícia Federal calcula que seja o seguinte
Havia ali conversas, minutas, documentos justificando a convocatória de uma GLO
E depois disso poderia... a hipótese é essa, né?
O Anderson Torres colocaria em ação essa outra minuta decretando uma intervenção no TSE
Qual é a minha hipótese?
Isso é a minha hipótese, não é da Polícia Federal
Mas pelas datas, você imagina que havia uma preparação
Eles esperavam uma perturbação da ordem pública
Já tinha acontecido alguma coisa ali no 12 de dezembro
Quando saíram queimando carros em Brasília, causaram um tumulto ali na cidade
São grupos de vândalos que estão acampados no QG do Exército há mais de 40 dias
A confusão começou por volta de 8 da noite
Vândalos seguiram pela área central de Brasília
Fizeram barricadas com pedras e galhos de árvores interrompendo o trânsito
Soltaram rojões na frente do prédio da PF
Uma viatura da PM apareceu e passou direto
Na via que dá acesso à esplanada dos ministérios, um ônibus foi incendiado
E aí a perturbação pública que eles esperavam para justificar a GLO não ocorreu
O que ocorreu foi depois, no 8 de janeiro, tudo o que a gente sabe
Quando eu li a sua matéria, e é bom que quem nos ouve saiba, que esse furo foi seu
E eu me lembro do título, recuperei ele agora
O celular de Mauro Cid tinha a minuta de GLO, que é essa garantia da lei e da ordem
E estudo para dar suporte a um golpe
Quando essa apuração vem à tona da sua lavra, na hora me conectou pontos que eu só tinha como hipótese mesmo de trabalho
Porque o que eu imaginava, e essa reportagem preenche essas lacunas
Que o Bolsonaro esperava que houvesse sim uma perturbação
Para que, ao estabelecer uma GLO ou uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral
Se houvesse uma convulsão social questionando o resultado da eleição
Bolsonaro poderia assinar essa garantia da lei e da ordem
E isso poderia fazer, inclusive, com que não houvesse posse do presidente eleito
E ele se mantivesse no poder
Então essa apuração, para mim, preenche uma lacuna muito importante desse enredo
Que acabou não acontecendo por várias, por diferentes conjugações, ou intempéries, enfim
Eles de fato tiveram ali um plano que pareceu muito frustrado
E que só ocorreria depois da eleição, quando o Bolsonaro já não tinha mais o poder da caneta
Mas eu quero voltar, Malu, a jogar luz sobre SID, mas vinculando SID à Comissão Parlamentar de Inquérito
Que foi instaurada, é uma comissão mista, justamente para fazer o que a polícia já está fazendo
Investigar os atentados do 8 de janeiro
A comissão retoma os trabalhos agora na terça-feira
Justamente para decidir quem é que vai prestar depoimento e quem vai ter os sigilos quebrados
O quanto esse conteúdo do celular que você revelou na semana passada, no celular de SID
Muda os rumos da comissão? É capaz de mudar?
Ou a correlação de forças lá não vai permitir?
É curioso, né, Natuza, porque a gente acompanhou toda essa discussão sobre a CPI
Que foi uma CPI pedida por bolsonaristas e que o governo Lula tentou evitar
Que é uma coisa estranha para mim, pelo menos que estou olhando de fora
Porque é claro que os atos de 8 de janeiro não foram perpetrados pelo próprio governo
Não faz sentido você imaginar isso, né?
Mas os bolsonaristas, desde o começo, souberam muito bem aproveitar o fato político da CPI
Depois, mesmo o governo conseguindo ter maioria dos membros, eles conseguiram eleger o presidente da CPI
Então é algo bastante importante, é claro, isso precisa passar também pelo presidente da CPMI
Arthur Maia, que não é um aliado do governo, ele se diz independente
É da União Brasil, é próximo de Arthur Lira
E ele também tem sido fiel da balança no momento de decidir o que se vota
E na última sessão da CPI, foi votado um plano de trabalho, mas eles conseguiram empurrar para essa
A votação das convocações
Então o que fica evidente para quem está assistindo é que embora os atos golpistas de 8 de janeiro
Tenham sido claramente fomentados por bolsonaristas, é o governo que parece acuado
E isso acontece por algumas razões, né?
A coisa do general Gediz, que era o ministro do GSI
E logo, assim, nos primeiros dias depois do golpe, da tentativa de golpe
A gente teve conhecimento das imagens que mostram ele todo atarantado, aparvalhado
No meio dos invasores do Palácio do Planalto, sem tomar nenhuma iniciativa
Às 4h18, pela primeira vez, os vídeos mostram o então ministro do GSI, Gonçalves Dias
Dentro do Palácio do Planalto
O general volta ao terceiro andar, ele mexe numa fita de isolamento
Olha o chão sujo, verifica se as portas estão trancadas
Em seguida, Gediz encontra um grupo de vândalos em uma sala próxima ao gabinete do presidente da república
O general, o major Natalli e outros agentes do GSI
Conduzem as pessoas para a saída, apontando o segundo andar
Isso empurrou a CPI para acontecer
E depois eu mesmo fiz uma matéria mostrando que o general Gediz
Quando foi solicitado para ele enviar documentos para a Comissão de Controle da Atividade de Inteligência da Câmara
Ele enviou documentos suprimindo a parte que mostrava que ele havia sido alertado pela própria BIN
Via relatórios e alertas de mensagens sobre o risco de que houvesse alguma invasão, tumulto, depredação de prédios públicos e tal
Então quando ele faz isso e retira do documento essas evidências de que ele mesmo tinha sido avisado
Ele coloca realmente o governo numa situação difícil
A oposição é claro, também tem alguns nomes ali de destaque
E pretende ouvir, por exemplo, o ministro da justiça Flávio Dino
E o ex-ministro do gabinete de segurança institucional Gonçalves Dias
Já tem mais de 800 requerimentos apresentados
E entre os requerimentos tem requerimento de convocação, convite, pedidos de informação
Tem também compartilhamento de dados, como por exemplo com o Supremo Tribunal Federal
Então eu acho que quando você volta a descobrir que, por exemplo, o Mauro Cid
Que não é qualquer um, a gente já falou sobre isso, ajudante de ordens do presidente da república
Estava perto demais do Jair Bolsonaro
Quando você põe esse elemento no jogo, você equilibra um pouco mais o jogo
Agora, se eu acho que isso vai mudar profundamente a lógica da CPI
Eu acho que só esse elemento não é capaz de mudar, não porque não seja importante
Eu acho que é uma informação importante que junto com as outras
Configura um quadro muito sério de você ter gente no Palácio do Planalto
No Ministério da Justiça, em vários pontos estratégicos
Que estavam ali prontos para dar um golpe, então isso é muito sério
Mas acontece que a CPI, como a gente viu aí nesse histórico
Ela não está se guiando, diferentemente de outras CPIs que a gente viu
Pelo propósito necessariamente de investigar os fatos
Porque tem muita coisa em jogo ali, por exemplo, na escolha do comando da CPI
Quando o Arthur Lira impôs à CPI o nome do Arthur Maia, que é um aliado dele
Ele conseguiu manobrar, inclusive entre deputados parlamentares
Deputados, senadores, governistas, que falaram assim
Olha, tudo bem, a gente vota com o governo, mas eu não quero desagradar o Lira nesse negócio aqui
E tudo isso numa semana em que o governo estava precisando dos votos
Para aprovar a medida provisória da reorganização dos ministérios
Brasília estava aquele caos
Líderes de partidos aliados e de partidos independentes
Juntamente com o presidente da Câmara, Arthur Lira, se reuniam
Nessa conversa houve cobrança para que o governo acelere a liberação de emendas e de cargos
Também houve críticas sobre a falta de diálogo entre ministros e parlamentares
E também sobre a composição da esplanada
O que há é uma insatisfação generalizada dos deputados e talvez dos senadores
Que ainda não se posicionaram
Com a falta de articulação política do governo, não de um ou outro ministro
Isso é que tem que ficar claro agora
Não é por culpa do Congresso
Então a gente vê que a CPI em si, ela não está sendo guiada necessariamente pelos fatos
Ela pode até vir a ser, porque a gente sabe, né Natuza?
A gente que cobre isso sabe que uma faísca pode mudar tudo
Então eu não vou dizer que a CPI não vai mudar nada
Mas eu acho que o que está interferindo nas decisões da CPI
Não é necessariamente o que vai, por exemplo, guiar uma investigação da Polícia Federal
Ou a própria CPI lá no DF, tem uma outra CPI para discutir isso
Ou o Supremo
Eu acho que tem outras variáveis que vão interferir nessa CPI
Que podem, inclusive, colocar a investigação sob risco
Dá uma grande pizza, né?
A gente não tem como garantir
É, eu acho que tem um ponto aí quando a gente avalia a Comissão Parlamentar de Inquérito
Que é aquele clichêzão, mas que funciona e tem a ver com o que você acabou de dizer
Que a CPI você sabe como começa, mas não sabe como termina
Mas é um clichêzão que já se provou verdadeiro
Mas há momentos da vida política brasileira que contrariaram esse clichêzão
Por quê?
Porque há comissões parlamentares de inquérito que têm uma motivação
De apenas desgaste de governos
E aí eu não tô falando só dessa, né?
Tô falando de outras tantas CPIs que foram criadas
Algumas, inclusive, há no histórico do Congresso
De CPIs criadas por parlamentares que tinham intenções outras de se aproximar de empresários
Na época que financiamento de campanha era empresarial
Pra fazer com que aquela empresa financiasse a campanha de um ou outro parlamentar
Então tem muitas motivações uma Comissão Parlamentar de Inquérito
Mas um outro mantra que normalmente vem à nossa cabeça
Nós que cobrimos política é
Governos em geral não gostam de CPI por diversas razões
Governos que têm dificuldade no Congresso Nacional como é o governo Lula
Muito menos
Eu me lembro de uma frase do Presidente da República numa entrevista que eu fiz com ele
Dizendo que não tinha interesse na CPI
Lembra disso?
Uhum, eu me lembro
Então de cara ele já disse que não tava muito afim daquela comissão
E que tinha ali a polícia investigando todo o enredo da tentativa de golpe
Nessa CPI tem ainda um outro complicador, né?
Que é uma CPI que se ela quiser de fato avançar
Ela tem que ouvir e muito possivelmente indiciar militares, generais
Lisiane Gama também propôs que 37 pessoas prestem depoimentos
Na lista estão Gonçalves Dias, que era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do presidente Lula
No dia dos ataques
E autoridades do governo Bolsonaro
Como os ex-ministros Augusto Heleno, do GSI
E Braga Neto, da Defesa
E o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid
Eu acho que o General Heleno é um outro nome muito importante
Que nós precisaremos estar ouvindo
Uma coisa que nunca aconteceu no Brasil
Um general ser indiciado por qualquer crime
Mesmo que seja uma CPI que não tem poder de polícia
É uma coisa muito séria que o governo Lula queria evitar desde o início
Colocar mais lenha na fogueira desse tumulto militar
Agora que está se conseguindo acalmar a situação, né?
Então, eu concordo com você
Não é uma coisa que interessa para o governo
E com um agravante, você cita militar
E é bom a gente lembrar que Mauro Cid é um militar da ativa
E até esses acontecimentos das joias
Do que você trouxe da investigação da Polícia Federal
Com documentos preparando um cenário
Para um eventual ato golpista
Ele era considerado, Cid era considerado
Uma grande promessa do Exército Brasileiro, né?
Sim, com o pedigree, inclusive
Filho do General Lorena Cid
Que é uma pessoa muito respeitada no Exército
Então, realmente, para a gente ver
Eu acho que isso é até interessante da gente observar
Até onde foi a degradação do Exército
E como os caras se permitiram se enredar em tramas
Que nada tem a ver com o Estado de Direito
Com a função das Forças Armadas, nada disso
Espera um pouquinho que eu já volto
Para continuar minha conversa com a Malu
Embora os bolsonaristas tenham apresentado o requerimento
Tenha vindo das mãos de um bolsonarista
O requerimento que acabou motivando
A criação e a instalação da CPI
Os bolsonaristas também não querem uma investigação
Que vá a fundo?
Porque essa investigação, a partir do que a gente
Viu que tem no celular de Cid
Pode chegar ao próprio Bolsonaro também, né, Malu?
Pode chegar
E eu acho que eles estão fazendo um cálculo
Baseados no medo do governo
De que eles vão sustentar essa CPI
Enquanto for possível, fazer live
Fazer, criar fato, memes e tal
Até que fique claro para eles
Se dá para seguir ou não
O plano de trabalho é considerado
O ponto de partida da comissão
A relatora da CPI, a senadora Elisiane Gama, do PSD
Considera que a investigação tem que ir além
Do dia 8 de janeiro
O dia das depredações não começou
A meia-noite do dia 8 de janeiro de 2023
Mas muito antes, em uma sucessão de eventos
De, para dizer o mínimo, exaltação de ânibus
Pairava entre os vândalos
Um sentimento de negação dos resultados
Da eleição presidencial
Proclamados pela justiça eleitoral
Em 30 de outubro do ano anterior
Eu vejo também, Natuza, que muitos governistas
Têm medo do que pode vir acontecendo a essa CPI
Justamente porque, já que ela está formada
Tem uma ala de governistas no Congresso
Que acha que o governo devia partir para cima
Porque é aquele manta do futebol, né?
Quem não faz, toma
Mas eles não estão fazendo isso, né?
O governo está indo bem lentamente
Escolheu, inclusive, membros da CPI
Que não são os mais incendiários
Que é para ver se a coisa anda devagar
Anda de lado, como a gente diz, né?
E eu acho que os bolsonaristas percebem isso
Então, a cada vacilada do governo
Os bolsonaristas manobram para onde eles querem que a CPI vá
Então, eu concordo com você
Tem um equilíbrio fino ali
De cada um querendo manobrar para o seu lado
Empurrar um pouco para lá, um pouco para cá
Para usar essa CPI de acordo com as suas próprias conveniências
A única coisa que a gente não tem como prever
É se não vai surgir essa faísca que vai mudar tudo
Virar tudo de cabeça para baixo, né?
Agora, eu quero aproveitar que você está aqui
Para a gente analisar uma outra perna
Um outro núcleo dessa novela tentativa de golpe
Ou de crimes eleitorais que é o Tribunal Superior Eleitoral
Porque está marcado para a semana que vem
O julgamento que pode tornar Bolsonaro inelegível
Então, como o conteúdo que foi encontrado no celular do CID
Pode influenciar nessa decisão
Lembrando que a decisão que vai entrar
Que vai sair do tribunal, melhor dizendo, Superior Eleitoral
Tem a ver com outro fato diferente desse
Mas queria tentar entender com você se você acha que influencia
Sim, a investigação no TSE que vai ser julgada
A ação que está no TSE que vai ser julgada na semana que vem
Diz respeito àquela reunião com os embaixadores, né?
O presidente Jair Bolsonaro convocou embaixadores
De pelo menos 40 países para uma reunião no Palácio da Alvorada
Com o pretexto de debater o sistema eleitoral brasileiro
O presidente, mais uma vez, fez ataque sem provas às urnas eletrônicas
No Brasil não tem como acompanhar a apuração
Eu não sei o que vem fazer observadores de fora aqui
Vão fazer o quê? Vão observar o quê?
Se o sistema é falho, segundo o próprio TSE
É inauditável também?
Essa ação já está em fase final
Então o relator Benedito Gonçalves já escreveu o seu voto
Está todo mundo se preparando para votar
Então, diferentemente, por exemplo, da minuta do golpe
Que apareceu na casa do Anderson Torres
Que foi incluída como evidência nesse material dessa ação
Essa do Mauro Cid não vai ser incluída diretamente na ação
Mas aí eu acho que tem sim um impacto
Porque o TSE está olhando justamente isso, né?
Qual era o drive do Bolsonaro naquele momento?
Qual era a intenção do Bolsonaro naquela reunião?
O que estava acontecendo?
Então, se você coloca como fato político
A evidência de que ele tinha um ajudante de ordens
Preparando aquilo depois da eleição
Tudo bem, mas havia uma sequência de fatos
Uma escalada de atitudes que levaram ao que aconteceu
No dia 8 de janeiro
Aí eu acho que esse é um fato político
Que pode interferir no julgamento dos próprios ministros
Se é que eles já não estão de cabeça formada, né?
Porque essa altura do campeonato
Acho que muitos deles já sabem mais ou menos o que vão fazer
Eu acho que ajuda a corroborar uma eventual decisão da inelegibilidade
Que é no que todo mundo aposta, né?
Até mesmo os advogados do Bolsonaro
Acham que é isso que vai acontecer, né?
E você acha que é por essa razão
Pelo que pode acontecer na justiça eleitoral
Que Bolsonaro está intocado
Desde que ele voltou dos Estados Unidos
Ele não é mais o Bolsonaro que esbraveja
Como esbravejava quando tinha o poder
Quando tinha a caneta na mão
Ele não anda falando
O que que pra você explica esse silêncio de Bolsonaro?
Ah, com certeza
Eu acho que ele está muito acuado por essa decisão
E porque eu acho que ele teme que uma decisão como essa
Acabe levando a consequências mais graves, né?
Eu não sei o que ele fez no verão passado
Mas ele sabe e ele tem muito medo de ser preso
Porque mais da metade do meu tempo
Eu me viro contra processos
Que até já falam que eu vou ser preso
Por Deus que está no céu
Eu nunca serei preso
Dizerem aos caralhos
Que eu nunca serei preso
Todo mundo que está com ele teme isso
Aí fala em perseguição
Vão perseguir meus filhos
Vão querer me prender
Alexandre de Moraes e tal
Eu acho que ele está com muito medo
E ele está aconselhado a ficar na dele
Enquanto essa situação não se acalmar
A questão é essa, né?
Eu não sei se essa situação vai se acalmar
Porque são 16 ações
Ele tornado inelegível na primeira
Será que as outras vão andar mais devagar?
O que é que vai acontecer com o futuro político dele?
Eu acho que tem todo um cálculo sendo feito
De repente, realmente, ele se calou
Ele se recolheu
E ele eu acho que está esperando justamente essa ação
Também foram outros inquéritos que apareceram
Ele está investigado pela questão das joias sauditas
Ele está investigado pela fraude no cartão de vacinação
E esse inquérito, por conta dessas descobertas
No celular do Mauro Cid
Tem também outros áudios encontrados
Nos celulares de outras pessoas ali
Falando em golpe
Esse inquérito deu origem a mais um inquérito
Sobre essa tentativa de golpe de Estado
Então são muitas investigações
E eu acho que ele entendeu o que o vento virou
O vento da política mesmo, o vento da justiça
Só pra gente ter um exemplo
O Alexandre de Moraes, que é presidente do TSE
Conseguiu emplacar no tribunal, numa troca de ministros
Duas pessoas ligadas a ele
E a gente ouve em Brasília que ninguém quer mais
A inelegibilidade do Bolsonaro do que o Alexandre de Moraes
Mas até que o Lula
É o tempo todo usando a caneta pra fazer maldade
Tentar me tirar de combate, desgastar
Já desafiei o Alexandre de Moraes que vazou
A quebra de sentido telemático do meu ajudante de ordem
Que é um crime que esse cara fez
Esse cara fez um crime
O meu ajudante de ordem, em especial o Cid
Que eu tenho quatro, é o cara de confiança meu
Então, realmente a situação dele não está
Não está favorável
Não tem por que ele criar mais tumulto
E eu acho que depois de muita besteira
Que ele andou fazendo do ponto de vista político
Ele entendeu isso, né?
Malu, minha amiga, muito obrigada pela participação no assunto
A gente adora te receber aqui
E eu tenho certeza que quem nos ouve também
Um beijo pra você
Eu que agradeço, um beijo e até a próxima
Até
Este foi o assunto
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