MOTORISTA DE UBER | EMBRULHA PRA VIAGEM
É muita história junto.
São cinco anos.
Quase 140mil quilômetros rodados. Mais de 3 mil passageiros.
Quando eu comecei eu nem era casado com a Jéssica.
Sinto falta da rua.
Dos semáforos.
De olhar no retrovisor o...
passageiro nos olhos e...
oferecer uma bala.
Uma bala de café.
Você poder bater um papo com alguém que você nunca viu,
não sabe se vai voltar a ver, não tem preço.
É gente de outra cidade, de outro estado.
Eu já levei até um americano aqui.
Ah, mulher sempre embeleza mais o dia, né?
Dá uma perfumada aqui no carro.
A região que eu trabalho é só mulher chique, executiva.
Tem umas que até brincam aí.
Não, que isso! Eu respeito a Jéssica demais.
Ela é... Ela é parceira de vida.
Eu sinto falta do trânsito, de ficar parado.
É som de buzina.
É amendoim, compra água, pano de prato.
Rapaz, eu sinto falta até das discussões.
Saudade de chamar alguém de corno porque não deu seta.
Mas agora também não tem carro, não tem seta, não tem corno.
Ninguém mais sai de casa.
Quem é que vai pegar a mulher do outro.
Agora o jeito é mandar nudes só.
Mas nude... Não é corno, né?
O pessoal fala que é chifre?
Ah, é?
Mas e se só a mulher manda uma foto assim vez ou outra?
É corno mesmo?
Ah, o pessoal ele...
Rapaz, eu vou...
Eu vou conversar um negócio com a Jéssica.
Daqui a pouco eu já volto aqui.