Maurício de Souza e a Turma da Mônica
Apresentadora: Você já imaginou a Mônica falando catalão? E o Cebolinha falando glego? Opa, quer dizer, grego? Pois é, a Turma da Mônica anda aprontando muito lá fora. Maurício de Souza, o responsável por tudo isso, é o nosso convidado do Papo-Cabeça de hoje, em português, é claro.
Maurício de Souza: Eu desenhava desde criança. Eu e todo mundo. Só que alguns param de desenhar, outros não. Eu não parei, eu continuei. Peguei e me botaram um gibi na mão, eu falei “oba, gostei disso!” e continuei. Aprendendi a ler no gibi, continuei rabiscando, copiando o gibi, e nesse estudo que durou uns quase 20 anos eu cheguei num ponto de achar que pudia fazer história em quadrinhos. Publiquei minha primeira tirinha no jornal aos 24 anos. A partir dalí o negócio desandou.
Pra criar personagens eu vou me inspirando em pessoas que conheço, amigos, conhecidos, parentes... como eu tenho muitos filhos eu fui primeiro olhando os filhos, né? Mônica, Magali, a Mariangela, o Chico Bento que é um tio avô meu. Eu fiquei inventando mesmo. O Cascão não tomava banho mesmo e o Cebolinha teve o cabelo espetado e trocava o r pelo l. Eu tenho que me sentir pai. Eu tenho que... Pai e mãe, sou ‘pãe'. Com eles, com os personagens que você cria, você realmente tem os filhos que você deseja e quer. Você dirigi, monitora, sugere.
Eu tive muitas influências como desenhistas. Pato Donald, dos velhos tempos, da década de 40, era muito bom. Pinduca, gozadinho. E tinha algumas histórias de aventuras boas também, Mandrake, Fantasma, que também eu curtia. Em termos de narrativa o personagem que mais me influenciou foi um personagem chamado O Espírito, Spirit, do Will Wizener, que é considerado maior desenhista de todos os tempos de quadrinhos. Ele ousava, ele fazia, o que vinha na cabeça ele botava na história. Disso tudo veio uma mistura de conhecimento, de estilos, de narrativa, de desenho que foi se juntando, juntando até eu formar meu estilo, né? !
Agora nós tamos produzindo desenho animado em massa, pré-produção aqui e a pós-produção na Índia, na Itália, no Rio, São Paulo... vamos fazer na Argentina também agora. Devemos estar com mais de 50 agora. E com isso a gente pode espalhar realmente o material nosso como eu quero, a força, o volume necessário pra gente poder concorrer com outro material que tá por aí. O material que sai no mundo inteiro sai do jeito que a gente faz aqui.
[Mônica falando mandarim]
Esse é um filme nosso e agora estamos mandando pra China, a televisão da China tá preparando pra lançar lá. Mas depois que eu vi a dublagem deles, é tão gozado, é tão bonitinho, mesmo eu não entendendo o mandarim ficou bem legal. Essa é a Mônica chinesa, mandarim.