Ilhotas brasileiras no Atlântico: 3ª parte de 3
Narrador: Oito anos antes da chegada de Alex Bellini, não havia nada em São Pedro e São Paulo além de atobás, caranguejos e o farol. Desde 1998, existe uma estação científica na ilha Belmote. Quatro pesquisadores substituídos a cada 15 dias vivem ali. Bellini só estranhou o fato dos brasileiros embora cordiais, terem mantido certa distância ao recebê-lo. Só mais tarde descobriria o motivo.
Bellini: Eu fedia que nem um gambá. Não tomava banho há sete meses. Estava com a barba longa.
Narrador: Bellini lembra a alegria de ter encontrado os anfitriões.
Bellini: A ideia de ver alguém em carne e osso depois de sete meses para mim era como ver os santos no paraíso... Jesus Cristo.
Narrador: O navegador italiano dividiu o pequeno espaço da ilha com os cientistas que estudam ali o rico ambiente marinho. É o mesmo lugar que atraiu a atenção de Charles Darwin, autor de Origem das Espécies. O naturalista britânico pisou na ilha principal em 16 de fevereiro de 1832.
Jorge Lins: Essa ilha ela é singular é um laboratório natural. Aqui nós encontramos com facilidade é... acesso pra estudos das mais diversas áreas não só da biologia marinha é... mas como da meteorologia, da climatologia... da pesca.
Narrador: Em um mar infestado de tubarões, uma das pesquisas é sobre o maior deles e mais querido.
Jorge Lins: Aqui nós temos uma ocorrência, de [ano em] ano do tubarão baleia. Tem um grupo da Universidade Federal de Pernambuco que estuda os tubarões baleia, a rota migratória faz a marcação com baleias por satélite. Dificilmente conseguiria... seria possível, fazer o trabalho que se faz em São Pedro e São Paulo no continente.
Narrador: Na ilha, Bellini viveu momentos marcantes.
Bellini: Uma pesquisadora e outros três cientistas viviam naquela pequena cabana. Fiquei na companhia deles por quatro ou cinco dias. Na maior parte do tempo, eu ficava no meu barco. Fizemos algumas fotos. Naquela situação vivemos momentos incríveis.
Narrador: Certamente Bellini acharia ainda mais incrível se estivesse na ilha naquele mesmo ano de 2006 quando o mar em fúria destruiu parcialmente a estação. A atual estação foi erguida em local mais protegido. Mesmo assim em 2014, as ondas dariam um novo susto. Alex Bellini entenderia depois o motivo de tanto esforço para se ocupar [de] um lugar tão inóspito. Depois do susto o navegador Bellini poderia ter voltado para a civilização com os pescadores mas preferiu seguir a jornada sozinho no barco a remo. Antes, ainda fez contato por telefone com o amigo em Aprica, cidade onde nasceu.