TEMPO E ATENÇÃO
Oi meus anju, eu voltei para o cenário que vocês gosta.
Vamos começar o papo aqui, você pode parar um minutinho tudo
o que você está fazendo para me ouvir?
Bom como você já deve ter visto em algum local desta tela.
O tema do vídeo de hoje é: Tempo e atenção.
Sabe lá no início do vídeo quando eu perguntei se você podia parar
tudo o que você estava fazendo para me ouvir um minutinho?
é muito provável que a sua resposta seja "não". Que você me diga "Dona Rita
eu estou te vendo numa micro tela de um celular com um fone de ouvido
ou sem um fone de ouvido, no transporte público, enquanto cuido do meu bebê
enquanto cozinho, enquanto lavo louça, enquanto... e aí talvez a gente precise
estabelecer uma primeira ideia que é, esse é o cenário de atenção do nosso tempo.
Tem uma série de pesquisas e vou deixar algumas na descrição
do vídeo que falam sobre o encurtamento do nosso Attention Span, o que seria
isso? Seria a nossa capacidade de prestar atenção focada em alguma coisa.
A gente deve pensar por exemplo que essa capacidade ela acompanha
o caminhar do tempo. Se a gente voltar muito tempo atrás sei lá na antiguidade.
Existe uma escultura do Aristóteles lendo numa cadeira
segurando uma massa uma bola com o peso porque se ele dormisse
enquanto ele lia ele soltava a bola e acordaria para voltar à sua leitura.
Esse era um hábito de atenção que os antigos tinham. Então a gente tem
esse entendimento de que cada época vai trazer consigo
uma possibilidade de consciência e de atenção e e ler um livro numa sentada. Ai que delícia!
E se isso ainda é possível?
Ou será que a internet,
a luz elétrica, a rede social, irrompeu essa possibilidade nós?
E aí outra coisa, que a gente vive na coisa mesmo do neoliberalismo
e na periferia do capital.
Isso significa que a maioria de nós temos dois empregos
para dar conta de pagar aluguel.
Está todo mundo fudid*, lascado, mal pago, não pode depender
de serviço público está tudo sendo privatizado etc etc etc.
Essa semana eu participei de um evento do CES
o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Foi uma aula dada pela Marília Moschkovich e pela Amanda Palha
muito minhas amigas sim! E aí elas estavam dando essa aula online
fazendo esse encontro e a Amanda Palha disse uma coisa muito interessante.
Ela disse assim, a gente está atravessando esse tempo que todo mundo
Tá assim, "Não, não tenho tempo pra aprender isso, me dá um manual,
me dá uma receita de bolo, me dá um passo a passo, uma lista de o que fazer.
Vou ter que assistir aula ou ele assiste na velocidade 2 porque não
tenho saco de ouvir o professor. Tã rã rã Tu ru ru" A nossa primeira
a chave de leitura aqui é pensar quais são
as nossas possibilidades de trabalho
resistência e quais são os resultados
da gente que está vivendo esse tempo hiper acelerado.
Mais pra frente eu quero chamar um amigo que eu amo pra conversar aqui no YouTube
mas vou deixar arroba dele aqui na descrição do vídeo que ele faz
um estudo sobre o corpo e esse nosso tempo.
Esse tempo pós moderno e essa impossibilidade de descanso.
A primeira pessoa que falou sobre isso foi o Foucault
o Lacan também falou sobre isso e sobre como esse sujeito neoliberal.
Ele é um sujeito máquina que não para
ele é um sujeito que transforma seu tempo de descanso
em mais trabalho. Byung-Chul Han falou isso também em Sociedade do Cansaço.
Enfim, pra eu não fazer uma grande digressão eu vou voltar para o foco
da nossa discussão que é tempo e atenção.
Vocês já pararam para pensar por exemplo no que a rede social vende pra quem anuncia nela?
E a resposta além dos nossos dados é que a rede social vende atenção.
Por que uma blogueira X pode cobrar 80 mil reais
num post da timeline dela? Porque talvez a audiência dela não está mais na TV.
Alguém que para e a escuta, o que ela vende é a possibilidade dela
de capturar a atenção das pessoas que segue. Tendo isso dito
eu vou pedir para você assistir um vídeo da Sabrina Fernandes
nossa maravilhosa do Tese Onze, essa semana ela publicou um vídeo chamado Engajamento
Errado, no qual ela vai falar de forma abreviada
sobre como a forma com a qual a gente lida
com o algoritmo ainda é um grande mistério mas que a gente já conseguiu descobrir
em especial dos resultados catastróficos da eleição de 2018 para cá,
o que acontece quando a gente gasta mais tempo
e mais atenção falando sobre o absurdo, o que é um impropério,
o que é desumano, o que procó?
Do que focando o tempo de atenção
em ideias boas que a gente deveria estar compartilhando no lugar dessas.
Então Sabrina vai voltar lá numa pesquisa que mapeia como os brasileiros
se informam. A maioria dos brasileiros agora no nosso tempo
histórico se informa através do WhatsApp.
Esse é o primeiro dado que a gente precisa ter em mente quando a gente pensar,
2022 é ano de eleição para a união, a gente vai eleger
presidente, a gente vai fazer as eleições da federação de deputados etc.
Então esse primeiro ponto é, vai ser um ano de absurdo
vai ser um ano de pilantragem, de manobra e de falcatrua, de golpe sujo, de gente
usando mídia para se promover. E o que a gente tem visto é que existe
uma corja de canalhas que já aprendeu
que o absurdo vende tanto quanto o sexo.
E que causar um alvoroço nas pessoas, que feri-las
onde elas seguram sua humanidade , sua integridade, sua bondade
faz com que elas compartilhem o absurdo e tem muita gente que vive disso.
A Sabrina vai falar inclusive de um livro da Jodi Dean
chamado Blog Theory, Teoria do blog
no qual Jodi, ela recorre a esse termo do capitalismo comunicativo
de como dentro do capitalismo inclusive as nossas ferramentas
e possibilidades de comunicação são comercializadas como mercadorias.
E aí eu chego numa filósofa francesa que é a Simone Weil.
Fiquei muito feliz de ver que ela foi citada naquele filme da Olivia Colman
que está na Netflix, que é "A mãe...?" A filha perdida!
E aí eles citam essa frase da Simone "A atenção é a forma mais rara
e mais pura de generosidade."
Aí se você não conhece a Simone Weil, grande parte da obra dela
vem dos cadernos que ela usou ao longo da vida. A Oxford
fez uma publicação dos primeiros e últimos cadernos dela. O Albert Camus
o maior filósofo existencialista depois do Sartre
fala que ela foi o maior espírito da geração dos anos 30, Ta ra rá
e o vídeo de hoje se chama tempo e atenção porque ele é uma reflexão
sobre quanto tempo a gente tem dedicado e quanta atenção a gente consegue
depreender pra quem está do nosso lado e não contra a gente
para que a gente possa parar de trabalhar para os nossos opositores
e de que a gente possa usar o nosso tempo para construir o poder popular.
Para construir rede de comunicação, para dedicar nos nossos trabalhos
de militância, de ativismo. Porque esse ano é um ano derradeiro
e decisivo. Não sei se será tão lembrada, lembrado ali 2018.
O New York Times lançou uma matéria... Magina né, reblogaram
tudo foi super um bafafá, que falava como era possível ver que o Brasil
estava se movendo para a extrema direita através do YouTube.
O levantamento vai falar dessas figuras abjetas, um professor de guitarra.
um negro racista, o blogueiro doido, uma pessoa que grita,
um cara com sobrenome alemão fala uma merd. Como essas pessoas
cresceram exponencialmente magicamente
como seus canais começam a aparecer nos rankings do YouTube.
É claro que muito dinheiro está sendo injetado, mas como essa
propaganda política vai ser responsável pela formação
ou melhor pela propagação de uma ideologia Bolsonarista
de extrema direita nas redes sociais. Só para vocês terem uma noção da dimensão
do impacto disso aquela pesquisa a qual Sabrina se refere no vídeo dela
ela mapeia que o brasileiro se informa primeiro pelo WhatsApp e depois pela TV.
E em terceiro lugar pelo YouTube.
Então a gente está falando de um veículo de comunicação de massas
Maior que rádio, maior que o jornal Pi ri ri Pa ra rá Pu ru ru O Intercept
O Intercept Brasil também fez uma matéria na época sobre como entre os dez
maiores canais do YouTube cinco eram de extrema direita
eram de propaganda política e de produção de fake news.
Pode ficar tranquilo tranquila pode ficar na tranqüilidade
que tudo o que eu estou falando
vai estar descrito aqui no vídeo pra você ler e acessar. Um dos pontos
que distingue uma comunicação séria e ética na internet de uma fantasiosa
que tem o objetivo de despolitizar
mentirosa e de pilantragem e falcatrua,
é entregar as fontes que você está usando para produzir seu discurso.
E ainda tendo em mente isso é só o que eu estou me referindo aqui
é de ser um ano eleitoral.
Se a gente volta nas últimas eleições a gente vai ver que somados , e aqui
eu estou usando os dados do TSE. Somados os votos anulados
e as abstenções, pessoas que não foram votar,
os títulos de eleitores magicamente cancelado, os votos brancos,
a gente tem 31% do eleitorado
brasileiro que não votou nas últimas eleições.
A gente deve pensar que o terceiro candidato às eleições
em 2018 é a ausência, é o não participar
do pleito eleitoral, da corrida, do voto, etc. "Ritinha, o exercício democrático
se configura, se consolida no voto?" Não! "Ritinha, através do voto a gente muda..." Não!
Vocês sabem que não, não preciso contar para vocês, mas eu posso fazer um vídeo
também explicando os limites da democracia burguesa, da democracia representativa.
Aqui o que eu estou me referindo é a gente
não constrói poder popular votando, mas talvez outro resultado eleitoral
tivesse feito com que o cenário de devastação ambiental fosse menos
catastrófico com que as crianças indígenas dos povos indígenas
não estivessem sofrendo o genocídio que estão sofrendo.
Que a gente não tivesse chegado na marca de mais de 600 mil
mortos, que a inflação não tivesse maior do que a poupança.
Se você tem dinheiro na poupança você está perdido
seu dinheiro está sendo comido pela inflação no Brasil a cada mês
você está ficando mais pobre
que a nossa moeda fosse uma das mais desvalorizadas do planeta
que o nosso salário mínimo fosse um dos com o menor poder de compra
na América Latina enfim talvez outro resultado eleitoral
tivesse feito com que o cenário de oposição, de luta,
fosse mais simples fosse mais possível para a gente
porque agora o que a gente está fazendo
é resistir . É sempre importante pensar quando a classe trabalhadora
vai poder assumir uma posição de ofensiva e demandar mais direitos.
Destruam o patrimônio público e privado e tente levar o caos.
De lutar pela revogação do teto de gastos da PEC da morte
vai congelar a possibilidade do Estado de investir no Brasil
pelos próximos 20 anos que vai possibilitar
que a gente se organize para fazer demanda e não para ficar protegendo o pouco
que a gente conquistou nos últimos sei lá, 16 anos de "democracia" no Brasil.
Falando nisso meus anjos, um segundinho tá? Rápido! Seu título de eleitor,
você transferiu? Você tirou?
Se você tem 16 anos e não tirar... Gente, para eu achar
você e te esfaquear, é um dois É para tirar esse título
e se você não sabe como, descrição do vídeo! Até 4 de maio você pode fazer isso
todo o vídeo que eu postar nessa merda desse canal até 4 de maio.
Na descrição a primeira coisa da descrição do vídeo vai ser "TÍTULO DE ELEITOR"